Segundo ministro da Justiça, PF já investiga contas de Marcos Valério

Brasília (AE) – O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, anunciou hoje que a Polícia Federal (PF) investiga os saques bancários feitos pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, sócio das agências de publicidade SMPB e DNA, de Belo Horizonte. Uma investigação sobre as operações financeiras das duas agências foi aberta na semana passada, quando a ex-secretária de Valério Fernanda Karina Somaggio, confirmou denúncias de que ele seria um dos operadores do "mensalão". "O inquérito aberto é para investigar escrutínio amplo, inclusive os saques de dinheiro", disse o ministro.

De acordo com a ex-secretária, o empresário costumava carregar malas de dinheiro e tinha contatos freqüentes com o tesoureiro nacional do PT, Delúbio Soares, e com o secretário-geral do partido, Sílvio Pereira. Registros do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) indicam que, entre julho de 2003 e maio de 2005, as agências de Valério fizeram saques em dinheiro vivo num total de quase R$ 21 milhões. Bastos explicou que o inquérito da PF se restringe às atividades financeiras de Valério, e não atinge o "mensalão".

"Não tenho a menor idéia disso (o ‘mensalão’). Não cabe à Polícia Federal investigar isso. É atribuição do Supremo Tribunal Federal (STF)", disse o ministro, lembrando que a Câmara apura as denúncias de pagamento de mesada a deputados. Bastos lembrou que desde 10 de junho de 2003 o Banco Central e o Ministério da Justiça assinaram uma medida que obriga todos os estabelecimentos bancários a informar ao Coaf todos os saques acima de R$ 100 mil: "Nosso combate à corrupção vem lá de trás. Tanto é que a medida foi tomada em 2003."

Bastos confirmou que a PF desencadeará esta semana uma série de operações contra suspeitos de corrupção, mas evitou classificá-las como uma ofensiva do governo. "Não esperem nenhuma hecatombe porque não vai haver", disse o ministro, depois de se reunir hoje com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, em seguida, com o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP).

Além do inquérito aberto em Minas Gerais sobre as atividades de Valério, o ministro lembrou que a PF instaurou outros dois processos. Um deles no Rio, para investigar as possíveis irregularidades no Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), e outro em Brasília, para apurar denúncias que envolvem os Correios. "A PF está investigando com planejamento, inteligência e calma", afirmou. "A PF é absolutamente livre para investigar sem perseguir e sem proteger."

Na conversa com Lula, o ministro avaliou que, apesar da turbulência política, o País está longe de uma crise institucional. "O Brasil tem de deixar de ser um país de leis e se transformar num país de instituições. Só assim vamos combater a corrupção no Brasil", afirmou.

Voltar ao topo