Segundo Estados Unidos, fraude com exportação financia terrorismo

Uma fraude na exportação de tênis e videogames americanos para os países da Tríplice Fronteira é, segundo a Casa Branca, o novo método usado por grupos criminosos e organizações consideradas terroristas pelos EUA (como o Hezbollah) para lavar dinheiro. Para coibir essa prática, Washington estuda propor ao Brasil, à Argentina e ao Paraguai um acordo para ampliar a transparência nas transações comerciais. A idéia é que os quatro países compartilhem dados sobre exportações e importações, para identificar as fraudes e tentativas de lavagem de dinheiro. Na semana passada, um representante americano foi enviado ao Paraguai para dialogar.

Autoridades dos EUA responsáveis pelo controle da fronteira afirmam ter descoberto essa atividade criminosa ao identificar um número significativo de mercadorias sendo exportadas da Califórnia para o Paraguai.

Pelo esquema, que driblaria os métodos para bloquear contas bancárias de grupos criminosos e supostos terroristas, o exportador declararia o envio ao Paraguai de tênis e videogames comprados em cidades como Los Angeles e San Diego. Usando comprovantes de que a mercadoria teria sido enviada ao país sul-americano, ele conseguiria autorização para receber o pagamento em uma conta nos EUA, a partir de transferência bancária do suposto importador no Paraguai. Nem toda a mercadoria seria embarcada de fato, mas os recursos ilegais depositados em contas americanas seriam usados para financiar grupos criminosos nos EUA. A venda das mercadorias que efetivamente chegariam ao Paraguai destinaria mais recursos para as organizações.

Apoio

Para funcionários da polícia fronteiriça, a conexão entre grupos criminosos na região da Tríplice Fronteira não se limita à lavagem de dinheiro. "Sabemos que grupos como o Hezbollah contam com apoio e simpatizantes na região", afirmou um funcionário do governo dos EUA.

Um episódio que chamou a atenção dos americanos foi a prisão, há poucos meses, de um jordaniano que tentava entrar nos EUA pelo México com um passaporte brasileiro. Apesar de o documento e o visto serem autênticos, os policiais desconfiaram do turista por ele insistir que morava no Brasil, mas não falar português.

Em pouco tempo, a polícia descobriu que o passaporte havia sido comprado em Foz do Iguaçu. As autoridades americanas afirmam que o preço cobrado dos árabes para ir ao Brasil, obter passaportes, viajar ao México e cruzar fronteira estaria entre US$ 30 mil e 60 mil.

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