Segue a mobilização “Sudoeste Inteiro”

Lideranças estão intensificando contatos para manter a integralidade do sudoeste paranaense envolvendo a permanência dos municípios de Clevelândia, Palmas, Coronel Domingos Soares, Mangueirinha e Honório Serpa, hoje pertencentes a mesorregião centro sul, que tem como polo Guarapuava. Uma iniciativa que começa pelo interesse dos  excluídos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, em fazer parte do sudoeste o que também gerou a mobilização de apoio dos demais municípios sudoestinos.  

No dia 7 de abril, no  auditório da Associação Comercial e Industrial de Palmas, aconteceu uma reunião a pedido do coordenador regional da Fiep-Pato Branco, Cláudio Petrycoski envolvendo, entre outras lideranças o prefeito do Município, João de Oliveira;  o presidente da Associação Comercial e Empresarial de Clevelândia, Mauro Piccinini; o secretário de Desenvolvimento Econômico de Pato Branco, Júlio Lattmann; o presidente do Fórum de Desenvolvimento de Pato Branco, Frederico Araújo; o secretário de Indústria e Comércio de Palmas, Jerri Adriani Marini; representantes do Executivo de Coronel Domingos Soares e do Sebrae. "O objetivo é manter o sudoeste inteiro para que consigamos representatividade que, em alguns casos, já se mostrou deficiente pela pequena quantidade de habitantes que possuímos – algo que se tende a se agravar com a redução de cerca de 90 mil sudoestinos que passam a ser reconhecidos como membros da região centro-sul", detalhou Cláudio Petrycoski, mostrando-se preocupado com o tema e evidenciando que a solução para o caso depende da mobilização das entidades e, principalmente, de apoio político. "Precisamos buscar o desenvolvimento regional integrado, representando peculiaridades de cada pólo microrregional e Palmas, com certeza, é um deles.

Existem, segundo o jornalista Adriano Oltramari, representando o Sebrae no encontro, afinidades de relação cultural, . "Percebemos diferenças culturais, de relevo mas é incontestável que há uma afinidade histórica, começando pelo ensino superior de Palmas primeiro a formar tantos líderes  e profissionais sudoestinos de destaque."

Já o jornalista Marcelo Daletese (Coordenadoria Regional da Fiep), disse que tanto Clevelândia, como Palmas são os municípios que originaram a formação dos demais municípios sudoestinos e ainda há o princípio da territorialidade. "Não tem lógica integrar uma mesorregião onde o município pólo – no caso Guarapuava – fica a mais de 230-260 quilômetros, quando Pato Branco ou Beltrão estão a menos da metade da distância e tem uma relação de proximidade e relações comerciais muito mais representativa."  

Problemas

A grande preocupação das lideranças é que os mapas de divisão mesorregionais apresentam cinco municípios tidos como do sudoeste, inclusive fazendo parte da Associação dos Municípios do Sudoeste Paranaense – AMSOP, na região centro-sul. Alguns técnicos do IBGE detalham que isto nada interfere em projetos e desenvolvimento. Solange Stein, do Sinvespar, em Francisco Beltrão, uma das primeiras pessoas a identificar a distorção, em 2003, diz que o IBGE referencia pesquisas na área governamental e na iniciativa privada. Inclusive é base dos mapas e estudos do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social – IPARDES. "Um técnico que cria projetos de investimentos e infra-estrutura, por exemplo, em Brasília, Curitiba ou em qualquer lugar que seja, não terá sempre, ao seu lado, um sudoestino para dizer que os cinco municípios não têm relação com Guarapuava e a região centro sul. Qual a tendência? Que aqueles 90 mil habitantes de Palmas, Clevelândia, Honório Serpa, Mangueirinha e Coronel Domingos Soares e demais informações façam parte de dados totalizados para a região centro-sul e não sudoeste."

Outro aspecto conseqüente da separação do IBGE é que, gradativamente, estruturas oficiais tendem a ficar baseadas em Guarapuava. "Lideranças de Palmas e Clevelândia, por exemplo, não gostariam de estar se deslocando a Guarapuava para debater problemas regionais", comenta Júlio Lattmann ressaltando que já ocorreram, inclusive, reuniões entre secretários de indústria e comércio/desenvolvimento econômico para o foco em expansão comercial e industrial integrada. "Um município não consegue se desenvolver isoladamente", detalha o secretário municipal.

Palmas

O prefeito de Palmas, João de Oliveira se mostrou surpreso com a presença de representantes de outros municípios sudoestinos preocupados com a exclusão dos cinco municípios, entre eles o que lidera. "Acreditamos na importância da integração de Palmas com o sudoeste, tendo posicionamento de liderança em áreas que vem se destacando na indústria da madeira, na saúde, no ensino e em novas áreas. A unidade nos traz representatividade, muito importante na busca de ações em prol do desenvolvimento."

Odilon Scopel, presidente do Sindicato das Indústrias de Serrarias, Carpintarias, Madeiras Compensadas, Laminados e de Marcenarias de Palmas lembra que até o processo de emancipação político-administrativa de Palmas, em relação a Guarapuava foi difícil e uma luta do povo palmense por liderar o surgimento de nova região.  "As lideranças devem avaliar o que será melhor para estes municípios que hoje pertencem a região centro sul. Palmas já pertenceu a região de União da Vitória."

Vereadores de Palmas chegaram a encaminhar ofícios para Câmara Municipais dos outros quatro municípios sugerindo a criação de nova região. Existem, também, questionamentos sobre a continuidade, ou não, na região sudoeste com os cinco municípios por iniciativa destes edis sob a alegação de que Palmas, ao longo do tempo, deixou de ter benefícios com isto. Durante o encontro ficou bem claro o exemplo dado por pólos microrregionais como Capanema (Produtos orgânicos/agroindústrias), Dois Vizinhos (Confecções, metal-mecânica) e Chopinzinho (pedras semi-preciosas), onde suas lideranças se unem com órgãos públicos e entidades para, com lideranças de Francisco Beltrão e Pato Branco buscar o alcance de seus objetivos, tendo, normalmente, o respaldo esperado.

Clevelândia

Mauro Piccinini, representando Clevelândia no encontro se mostra preocupado com a questão."Estamos encaminhando o fato para o presidente da Câmara, Marcos Loyola e às lideranças. Clevelândia sempre teve como slogam "portal do sudoeste", tal sua posição como município mãe. Será que é possível admitir que toda a população passe a pertencer a outra região?"

O presidente da Associaç\ão Comercial e Empresarial de Francisco Beltrão, Alexandre Pecoits, também vem verificando formas de resolver o problema. E uma das questões favoráveis para ajustes nos mapas do IBGE envolve a localização geográfica dos municípios. Em encontros Pecoits evidenciou, também, a necessidade de interferência das lideranças políticas em Brasília.

O presidente da AMSOP, Miguel Aguiar já levou o tema para o deputado federal Max Rosenmann.  O tema também é de conhecimento dos prefeitos de Francisco Beltrão, Vilmar Cordasso e de Pato Branco, Roberto Viganó que, participando do Congresso Paranaense da Indústria, no ano passado, manifestaram contrariedade a exclusão dos cinco municípios.

Lideranças que iniciaram a mobilização "Sudoeste Inteiro":  Cláudio Petrycoski, coordenadoria regional da Fiep – Pato Branco;  Roberto Pecoits, coordenadoria Regional da Fiep – Francisco Beltrão; Edson Luiz Campagnolo, Sinvespar;  João Penso, Cacispar; Célio Bonetti, Agência de Desenvolvimento da Mesorregião; Joailson Agostinho, Sebrae – Agência Sudoeste e  Valter Trojan – Sindimetal Sudoeste

Novas ações de mobilização deverão ocorrer em breve. Entre elas um abaixo assinado de lideranças sudoestinas pedindo a correção dos mapa da mesorregião elaborada para o IBGE e Ipardes. Algo encaminhado para a presidência da República; ao Senado; ao Congresso e à presidência dos institutos. 

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