Eliminar a hanseníase com qualidade é um dos objetivos que o governo do Paraná, por ação da Secretaria Estadual da Saúde, estabeleceu na 2ª Oficina para a Reorganização e a Implementação das Ações do Programa de Eliminação da Hanseníase no Paraná, realizada, nesta terça-feira, em Guarapuava.
Do evento participaram técnicos da Secretaria da Saúde e equipes que desenvolvem trabalhos diretamente com pessoas portadoras da doença nas Regionais de Saúde do Estado.
?Hoje o empenho é no sentido de descentralizar o Programa de Eliminação da Hanseníase e desenvolver ações em todas as Regionais de Saúde do Estado, principalmente naquelas onde é maior o número de casos da doença?, afirmou a coordenadora do programa, Nivera Noemia Stremel. ?O importante é descobrir a doença no início. Muitos pacientes ainda chegam para receber o tratamento tardiamente e com deformidades físicas?, acrescentou.
Nivera Stremel informa que, para tratar desses casos, existe uma equipe de reabilitação em Curitiba, que está fazendo as cirurgias necessárias, desde que o paciente deseje. ?Muitos já se curaram, mas, como iniciaram o tratamento tardiamente, apresentam incapacidades e deformidades decorrentes da doença?, observa.
No Plano Estadual para a Eliminação da Hanseníase, são considerados prioritários no combate à doença a Região Metropolitana de Curitiba e os municípios de Londrina e Foz do Iguaçu. ?O que surpreende é que ainda existem muitos casos de crianças com sinais da doença no Estado?, comenta Nivera Stremel, revelando que em outubro deste ano será realizada uma nova campanha para a eliminação da hanseníase no Estado.
A coordenação estadual do Programa de Eliminação da Hanseníase revelou que o número de casos da doença vem diminuindo no Paraná nos dois últimos anos. Em 2003, ocorreram 2.792 casos (com prevalência 2.8).
Esses números caíram para 2.566 em 2004 (com prevalência 2.5). No primeiro trimestre de 2005 foram detectados 1.983 casos (com prevalência 1.93). O Paraná deverá alcançar o índice de um caso de hanseníase para cada 10 mil habitantes até o final deste ano, que é a mesma meta do Ministério da Saúde.
A consultora da força-tarefa do Ministério da Saúde, Maria Elisabet Lovera, alertou os participantes da 2ª Oficina para que examinem se não existem casos de hanseníase nos municípios que fazem parte de seus Regionais de Saúde. ?No início do ano, 23% dos pacientes de hanseníase no Paraná haviam abandonado o tratamento. Agora, esse índice baixou para 6%?, comentou a consultora.
Durante a 2ª Oficina, equipes de Guarapuava e de Prudentópolis mostraram experiências bem sucedidas de descentralização do atendimento básico de hanseníase para as equipes do Programa de Saúde da Família (PSF) e de trabalho bem sucedido com comunicantes de pessoas com hanseníase. O Morhan (Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase) apresentou o trabalho que vem desenvolvendo junto aos portadores da doença.
A doença
A hanseníase é uma doença infecto-contagiosa causada pelo Mycobacterium leprae. Tem uma evolução lenta, que se manifesta principalmente por sinais e sintomas na pele e nos nervos periféricos, sobretudo nos olhos, nas mãos e nos pés. A transmissão ocorre apenas por contato com pacientes não tratados.
O comportamento dos nervos periféricos é a característica principal da doença e dá a ela um grande potencial para provocar incapacidade física, que pode evoluir para deformidades. Essas incapacidades e deformidades podem acarretar problemas para a pessoa com hanseníase, como a diminuição da capacidade de trabalho e problemas psicológicos. Elas também são responsáveis pelo estigma e pelo preconceito em relação à doença.
O tratamento dura cerca de um ano e o paciente não precisa ficar internado, porém não pode deixar de se tratar. Já na primeira dose do medicamento 90% dos bacilos são eliminados e a doença deixa de ser transmitida. Todos os municípios do Paraná têm acesso gratuito ao tratamento. A hanseníase tem cura, por isso é importante que o tratamento seja iniciado o mais rápido possível.