Seca provoca a maior quebra de safra da história

safra230305.jpg

Por causa da seca, 12,4 milhões de toneladas deixarão de ser produzidos .

Brasília (AE) – A agricultura brasileira terá, este ano, a maior frustração de colheita de sua história. Deixarão de ser produzidos 12,4 milhões de toneladas, por causa da seca que assola o Sul e o Centro do País. O fenômeno climático, cuja intensidade não havia sido prevista por nenhum instituto de meteorologia, afetou estados que concentram 60% da produção nacional de grãos.

O estrago é irreversível, segundo o presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Jacinto Ferreira. A perda poderá ser ainda maior se a seca persistir e prejudicar a segunda safra de milho, que começa a ser plantada nesta época do ano. O produto mais afetado até agora é a soja, vedete da balança comercial brasileira. Os produtores terão uma perda de receita da ordem de R$ 5,4 bilhões.

O presidente da Conab descartou, porém, o risco de desabastecimento ou de alta nos preços. ?Continuo afirmando que não há risco de falta de alimentos ou de impacto inflacionário?, disse. ?Apesar da quebra, a previsão é de colheita maior do que no ano passado.?

Ele garantiu que, se houver necessidade, o governo pode agir de forma pontual para garantir o abastecimento. No caso do milho, a segunda cultura mais afetada, ele informou que a Conab poderá oferecer os 2 milhões de toneladas que tem em estoque.

Os dados divulgados ontem pela Conab são o resultado de um levantamento extraordinário feito para dimensionar melhor os estragos da seca. Entre 14 e 18 de março, técnicos da Conab estiveram nos estados do Sul, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Goiás, os mais castigados.

Com base no novo levantamento, a estimativa de uma colheita de 131,9 milhões de toneladas feita em dezembro foi cortada para 119,5 milhões de toneladas. Em fevereiro, a safra já havia sido projetada em 124,9 milhões de toneladas. Ainda assim, é uma colheita maior do que a safra anterior, que foi de 119,152 milhões de toneladas.

A soja lidera a lista de culturas mais prejudicadas pela seca. A Conab estimou que a produção na safra 2004/2005 será de 53,119 milhões de toneladas, 8,281 milhões de toneladas abaixo da previsão de dezembro, que indicava colheita de 61,4 milhões de toneladas. Em outubro, quando divulgou sua intenção para plantio na safra atual, o governo havia estimado a produção de soja em algo entre 59,518 e 60,808 milhões de toneladas. Na safra 2003/04, os produtores colheram 49,770 milhões de toneladas de soja.

Ferreira avaliou que praticamente todos os estados produtores de soja foram prejudicados pela estiagem. As exceções foram Mato Grosso, Piauí, Minas Gerais e Bahia. A produção nesses estados pode compensar parte da quebra de produção da oleaginosa. ?As chuvas estão começando, mas as perdas são irreversíveis para algumas culturas?, ressaltou. Ele disse que o governo está atento à situação dos agricultores e que se for necessário poderão ser adotadas medidas adicionais de apoio.

O milho foi a segunda cultura mais prejudicada pela seca que castigou as lavouras, mostra o levantamento. A colheita de milho deve somar 39,039 milhões de toneladas, contra 42,191 milhões de toneladas em 2003/04. De acordo com o presidente da Conab, a quebra nacional em relação ao estimado em dezembro é de 10% ou 3,16 milhões de toneladas. ?A maior redução na produção aconteceu no Rio Grande do Sul, com 55%, ou 2,7 milhões de toneladas?, comentou. 

Voltar ao topo