Saúde de Curitiba aumenta investigação sobre tuberculose

O Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal da Saúde termina nesta quinta-feira (20) a varredura feita por agentes de 29 unidades de saúde em regiões consideradas críticas para possíveis casos de tuberculose.

O levantamento parcial do trabalho, que começou no último dia 3, indica que foram coletadas 1.100 amostras e identificados três casos positivos. Os exames gratuitos são feitos pelo Laboratório Municipal de Curitiba. Os exames de controle continuam a ser feitos normalmente em todas as unidades de saúde.

A intensificação nestas duas semanas mobilizou agentes de saúde de todas as regionais e contou com a colaboração de escolas, igrejas e associações de bairros que cederam seus espaços para a realização de palestras sobre a doença. Também foram distribuídos 5 mil cartazes em ônibus e em espaços das comunidades com grande concentração de pessoas.

"Esta ação concentrada permite levantar num curto espaço de tempo novos casos da doença. Com isso, conseguimos iniciar precocemente a administração dos medicamentos e quebra da cadeia epidemiológica", disse a responsável técnica do programa municipal de combate à tuberculose, Elizabeth Wistuba.

Em 2005 foram registrados na capital 499 novos casos. No primeiro trimestre deste ano, 87. A varredura feita nas últimas duas semanas consiste em visitas domiciliares pelas equipes do Programa Saúde da Família e das unidades básicas. O morador recebe um folheto com informações sobre os sintomas da doença e o que deve ser feito caso alguém da família se encaixe no perfil. Os agentes preenchem um formulário com os dados dos moradores e, se necessário, é coletado material para exame.

Sintomas

O quadro suspeito de investigação inclui tosse constante durante três semanas, cansaço, dores no peito, suor à noite e falta de apetite. Pessoas com estes sintomas colhem material (escarro) e são encaminhadas para a unidade de saúde mais próxima da residência.

O resultado do exame sai em cinco dias e o tratamento, que dura seis meses, é gratuito. O tratamento começa logo após o resultado do exame e não deve ser interrompido. Caso contrário, a bactéria (bacilo de Koch) se fortalece e o tempo e os custos do tratamento aumentam em até 10 vezes.

O esquema 1, para tratamento inicial, tem custo estimado em U$ 100 e usa medicamentos produzidos por laboratórios oficiais nacionais. Já os esquemas para as formas mais resistentes, para quem retomar o tratamento, o custo sobe para U$ 1.000, devido à importação dos antibióticos, e são necessários até dois anos ininterruptos de medicamento.

Tratamento

Entre os mais afetados estão homens entre 25 e 45 anos, com baixo nível sócio-econômico, subnutridos com agravos de alcoolismo, drogadição e HIV. Na micro-área Garrete, no Tarumã, os agentes da Unidade de Saúde Tarumã encontraram um paciente com este perfil.

C.P., 42 anos, pedreiro, não procurou ajuda na unidade de saúde porque pensou que a tosse e o cansaço eram sintomas de um resfriado. Mas o exame mostrou que eram sintomas da doença. Outro exame diagnosticou que ele também é portador do vírus HIV. "Neste caso o tratamento correto é muito importante porque a baixa imunidade do paciente pode desencadear uma série de doenças", explica Elizabeth.

C. P., que está desempregado desde o início do ano, toma regulamente os remédios e disse que melhorou muito desde que iniciou o tratamento. "Já não sinto dores no peito e recuperei um pouco do meu peso. Os remédios não são muito bons de engolir, mas são eles que estão me ajudando", disse.

Além do exame de escarro, a pessoa com suspeita de tuberculose faz também raio X do tórax. Mesmo sendo um tratamento longo, em torno de seis meses para pacientes iniciais, ele não pode ser interrompido. Depois de duas semanas do início da medicação, não existe mais risco de transmitir a doença.

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