Saúde alerta para riscos de doenças devido à exposição ao ruído nos locais de trabalho

Atenta para a área da saúde do trabalhador, a Secretaria de Saúde está promovendo palestras sobre ruído nos ambientes de trabalho. Para isso, convidou um dos mais renomados consultores de Saúde e Segurança do Trabalhador da Europa, o engenheiro Sérgio Miguel, professor da Faculdade de Engenharia do Porto, em Portugal, e presidente da Sociedade Portuguesa de Higiene e Segurança Ocupacional (SPOSHO).

O diretor do Centro Estadual de Saúde do Trabalhador (CEST), Cezar Benoliel, diz que a vinda do professor a Curitiba faz parte das ações do centro para este ano, que inclui a capacitação de técnicos para implementar a área da saúde do trabalhador no Paraná.

No dia 20, o professor estará, às 20 horas, no auditório do Sindicato dos Metalúrgicos de Curitiba, e no dia 21, no mesmo horário, no auditório do Instituto de Engenharia do Paraná. Nos dois dias abordará o tema ?Ruído no Ambiente de Trabalho e sua Prevenção? com palestras abertas ao público interessado. No dia 22, ele estará na Itaipu Binacional, para, além de proferir palestra, plantar uma árvore em nome da SPOSHO.

Perdas Auditivas

O professor Sérgio Miguel diz que as perdas auditivas induzidas pelo ruído constituem a doença que mais acomete os trabalhadores da Europa, representando um terço das doenças relacionadas ao trabalho. ?Além da perda auditiva, o ruído pode conduzir ao estresse, às afecções do sistema cardiovascular e a um risco grande de acidentes de trabalho?, afirma ele.

Segundo Cezar Benoliel, as categorias mais atingidas por ruído excessivo no local de trabalho são os metalúrgicos, siderúrgicos, ferroviários, telefônicos, aeroviários, empregados da construção civil e motoristas. ?As empresas devem realizar programas para reduzir ou eliminar exposição perigosa ao ruído, incluindo a avaliação da exposição dos trabalhadores e medição dos níveis sonoros do ambiente de trabalho para identificar áreas potenciais de riscos, além de realizar exames audiométricos a fim de detectar alterações na audição dos trabalhadores?.

Quando o ruído não pode ser controlado na fonte, devem ser adotadas medidas para reduzir a exposição dos trabalhadores, como mudanças no local de trabalho, através da absorção sonora, mudanças na organização do trabalho, que impliquem menor exposição ao ruído, e mudanças no equipamento de trabalho, considerando o modo de instalação e a localização.

O ruído e a surdez

Algumas pessoas são mais sensíveis ao ruído do que outras. Ruído é todo som desagradável que agride os ouvidos. Quando se trabalha em local com muito barulho, os problemas de audição aparecem aos poucos, de forma progressiva e irreversível. No princípio alguns sinais podem ser sentidos: zumbidos, sensação de ouvido tampado, dor de cabeça, irritação, cansaço e tonturas. No final da jornada de trabalho o trabalhador pode ter dificuldade para ouvir sons com volume baixo. Essa perda pode se tornar permanente se a exposição ao ruído continuar por muito tempo.

Fatores que contribuem para a surdez – O nível do ruído (quanto mais alto pior); a composição do ruído (quanto mais agudo pior); o tempo de exposição (quanto mais tempo pior); os ruídos de impacto (prensa, martelo) são piores que os contínuos; as vibrações transmitidas pelo chão, objetos e paredes aumentam o efeito do ruído.

As Normas Regulamentadoras (NR) do Ministério do Trabalho estabelecem regras mínimas em relação às condições e organização do trabalho que precisam ser respeitadas. A NR 15, por exemplo, diz que, em relação ao ruído, a atividade será considerada insalubre quando os trabalhadores estiverem expostos a níveis de ruído acima dos limites de tolerância. Veja a tabela:

Limite de Tolerância para Ruído Contínuo ou intermitente

Nível de Ruído Máxima Exposição Diária Permissível
85 decibéis ( ex: tráfego intenso) 8h
90 dB 4h
95 dB 2h
100 dB ( ex: martelo, britadeira) 1h
105 dB 30m
110 dB 15m

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