Sanguessuga: gravações da PF comprometem Suassuna

O líder do PMDB, senador Ney Suassuna (PB), é um dos nomes mais citados nas gravações da Polícia Federal que levaram ao desbaratamento da máfia dos sanguessugas. Sua influência nas decisões do Ministério da Saúde e na liberação de emendas do Orçamento da União para compra de ambulâncias é citada inúmeras vezes nas conversas de empresários, assessores e servidores públicos envolvidos no esquema.

A transcrição dos diálogos faz parte do relatório sigiloso encaminhado pela Justiça a autoridades do governo, do Congresso e do Ministério Público. Em anexo, há registros do acompanhamento – no sistema eletrônico que informa a execução orçamentária – da evolução de emendas apresentadas por Suassuna para a compra de ambulâncias destinadas a 25 cidades da Paraíba, cada uma no valor de R$ 80 mil. Esse acompanhamento foi feito pelos fraudadores recorrendo à senha de uso exclusivo do senador.

Suassuna é apontado ainda como um dos responsáveis pela indicação de ocupantes de cargos de confiança no Ministério da Saúde. Numa das gravações, um dos empresários envolvidos no esquema, Ronildo Pereira Medeiros, avisa a Marco Antonio Lopes, assessor da deputada Elaine Costa (PTB-RJ), que o cargo de chefe de gabinete do ministro seria "o cara do Ney, vai ser o Marcelo Carvalho", referindo-se a um assessor de Suassuna que acabaria preso pela PF por suspeita de envolvimento com a quadrilha. Lopes reage: "Oh, rapaz, vai ser bom demais, né? Você viu como a vida é: a gente está por baixo hoje; outras vezes, por cima. Leva pancada hoje, amanhã bate.

O próprio Suassuna afirma que está sendo alvo de "uma armação", não só da ex-funcionária do Ministério da Saúde Maria da Penha Lino, como dos donos da Planam, Darci Vedoin e seu filho Luiz Antonio Vedoin. "Estou processando os três", informa. O senador nega ter sido acusado por Maria da Penha Lino, mas ela foi categórica, diante da PF, ao afirmar que ele também recebia propina. Disse ainda que em dezembro de 2005 Suassuna conseguiu a liberação de verba de R$ 1,64 milhão para compra de ambulância.

Segundo os fraudadores, alguns municípios indicados pelo senador não tinham apresentado projetos que justificassem os recursos, mas Suassuna conseguiu resolver a situação. O senador afirma que Marcelo falava em seu nome à revelia. Em uma das conversas, o funcionário Luiz Carlos Martins chama Maria da Penha de "muito burra e muito chata". Certa vez, afirmou, ela estava no corredor sem querer atendê-lo. "Disse que o senador viria aqui hoje e ela voltou ligeiro do corredor bem rapidinho, porque sabe que o cara que está lá foi botado pelo homem.

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