A derrota por 2 a 0 para o Ipatinga, quarta-feira, trouxe de volta à tona a questão dos atrasos salariais no Palmeiras, e quem tocou no assunto foi o próprio técnico Caio Júnior. Ao ser questionado se o time carece de reforços, o treinador respondeu que, mais importante que isso é colocar os salários dos jogadores em dia.
"A comissão técnica está fazendo um trabalho sério, e a diretoria também tem que fazer. Estão fazendo um bom trabalho, mas tem que colocar em dia a questão salarial, pois os jogadores sentem, cada um à sua maneira", disse Caio Júnior. "Sei que a direção fará isso o mais rápido possível.
Os salários deste mês, que eram esperados no dia 10, ainda não foram depositados nas contas dos jogadores. "Quem trabalha tem o direito de receber e acertar essa situação é sempre importante", completou o treinador.
Após dizer isso, Caio, que também está sofrendo com os atrasos, salientou que a questão financeira não faz com que jogadores entrem "de corpo mole" em campo. O problema é que alguns atletas se abatem, segundo o treinador. Um desses jogadores, que pede para não ser identificado, precisou cancelar a compra de dois terrenos no interior por causa da dívida do clube. "Recebendo ou não, o time sempre entra em campo com o mesmo espírito e a mesma vontade de honrar a camisa do Palmeiras", disse Caio
A diretoria admite que deve, não nega, e vai pagar quando puder. O vice-presidente Gilberto Cipullo, acompanhado dos diretores Savério Orlandi, Genaro Marino Neto e do gerente Toninho Cecílio tem feito reuniões semanais com os atletas, tentando tranqüilizá-los. "A direção tem sido sincera e explicado tudo para nós. Não há problema algum nesse sentido", disse Caio.
As declarações do treinador foram feitas após a derrota que complicou a situação do Palmeiras na Copa do Brasil – o time precisará vencer por três gols de diferença para avançar no torneio, dia 5, no Palestra Itália. Savério Orlandi, que estava ao lado do técnico no momento da entrevista, não repreendeu o desabafo. "O Caio sabe da nossa luta para colocar tudo em dia e tem sido muito compreensivo nessa questão, assim como os jogadores.
Os três planos emergenciais para equilibrar as finanças do clube ainda não vingaram: o patrocínio nas mangas da camisa; a criação da "bolsa de atletas", que repassará parte dos direitos federativos dos jogadores a empresários; e a venda de títulos remidos de sócios do clube. "Isso leva tempo. Acreditamos que, em breve, tudo estará solucionado", diz Savério. Só com esses três projetos, a diretoria espera receber mais de R$ 20 milhões.