Safra de problemas

A frustração da safra de grãos deste ano deverá ser de 17 milhões de toneladas, a maior queda por questões climáticas registrada nas últimas décadas. O total a ser colhido deve chegar a 115 milhões de toneladas, comprimindo o volume de exportações originadas pelo agronegócio.

O ministro da Agricultura e Abastecimento, Roberto Rodrigues, calculou em pelo menos R$ 4,3 bilhões de recursos públicos a quantia mínima para auxiliar a recuperação dos produtores rurais, cujas lavouras foram estioladas pela estiagem.

A primeira estimativa do governo falava em 132 milhões de toneladas de grãos, uma safra invejável, mas em março o levantamento parcial indicava a redução para 119,5 milhões. Os efeitos da falta de chuvas foram extremamente severos e o último levantamento realizado pelos técnicos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) fechou no patamar anunciado agora.

Além da seca prolongada, o ministro Roberto Rodrigues também identificou na elevação dos custos de produção um fator de diminuição do lucro dos agricultores. O cálculo das perdas com a frustração da safra chega a R$ 10 bilhões. A queda de preços de commodities agrícolas no mercado mundial, pelo excesso de oferta, é outro agravante da fase ruim vivida pela agricultura brasileira.

Por outro lado, a valorização do real em relação à moeda norte-americana – a opinião é partilhada pelo ministro da Agricultura – vai afetar grandemente o desempenho financeiro da produção rural. Esse fato pode refletir na limitação do tamanho da área plantada na próxima safra e na redução do padrão tecnológico dos cultivos.

Já se fala no encolhimento da expectativa de venda de máquinas e implementos agrícolas, de investimentos menores no setor, dificuldades na obtenção de crédito e inadimplência. Para evitar conseqüências ainda mais drásticas, o ministro pleiteia a renegociação dos débitos com o Banco do Brasil e a concessão de capital de giro para os produtores.

A agropecuária é um setor de alta sensibilidade na economia e, pela dependência de circunstâncias aleatórias, demanda soluções diferenciadas e inadiáveis.

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