Roedores silvestres atacam lavoura na região centro-sul do Estado

A Secretaria da Saúde alerta sobre os cuidados que a população deve ter com o aumento de roedores silvestres, fenômeno chamado de ?Ratada?, no Paraná.

O fenômeno, que está sendo mais intenso na área rural da região centro-sul do Estado, está mobilizando equipes da Vigilância Ambiental da Secretaria. Nesta semana foram registrados ataques de roedores silvestres a plantações em Inácio Martins e União da Vitória, onde um produtor perdeu aproximadamente quatro alqueires de ervilha.

De acordo com o diretor de Vigilância em Saúde e Pesquisa, Luiz Armando Erthal, o relato é inédito. ?Geralmente os roedores se alimentam da semente da taquara (espécie de pequeno bambu). Mas na falta delas os roedores estão em busca de outros alimentos como legumes e verduras?, afirmou.

A Vigilância está intensificando os trabalhos na região. Nesta semana, a chefe da divisão de Zoonoses e Animais Peçonhentos da secretaria, Gisélia Rubio, esteve em Inácio Martins realizando treinamento para agentes de saúde, secretários municipais de educação e de agricultura, trabalhadores do corte da madeira e profissionais do Programa Saúde da Família. Na ocasião, ela falou sobre o fenômeno da Ratada e os perigos da hantavirose.

Gisélia explica que a Ratada é o aumento de roedores silvestres que ocorre com a Floração da Taquara, fenômeno que acontece a cada trinta anos. ?Quando termina a floração, as sementes caem no chão e são consideradas o melhor alimento para esses roedores. Com tanto alimento, eles se reproduzem em grande quantidade. Quando as sementes terminam, eles saem em busca de novos alimentos?, diz.

Segundo ela, este fenômeno deve se estender até o início do ano que vem, quando termina o ciclo de reprodução da taquara que atrai os roedores para a região. ?Se o roedor não encontrar o alimento no ambiente externo poderá entrar em paiol, sítios ou casas, principalmente do meio rural. O ideal é utilizar algumas barreiras para evitar que o rato chegue até lá?, explica.

A população deve ficar alerta, observando alguns cuidados como fechar portas, frestas, evitar que grãos (milho, feijão, arroz, amendoim e aveia) fiquem no chão. Também são cuidados necessários: manter os locais onde vivem os animais (gado) sempre limpos. As rateiras (também chamadas de chapéu chinês) devem ser colocadas em pilares de sustentação de paióis ou galinheiros.

Qualquer tipo de plantio deve respeitar uma distância mínima de 50 metros da casa, pilhas de lenha devem ser colocadas em estrados suspensos do chão. Aberturas de ventilação, entradas de condutores de eletricidade ou vãos de qualquer natureza devem ser fechadas com tela metálica, bem como os alimentos devem ser guardados em recipientes fechados e os pratos e utensílios de cozinha lavados imediatamente depois de usados, não deixando restos no chão.

Nunca se deve descansar em locais fechados com restos de alimentos, pois os ratos podem ter passado por ali e infectado o local. A área em volta de casas, galpões e alojamentos deve ser mantida sempre limpa, a limpeza de ambientes fechados deve ser feita com água e água sanitária.

?É importante evitar contato com roedores ou suas fezes e urina e também não se deve tentar matá-los, pois a captura só deve ser feita por pessoas habilitadas e com equipamentos especiais de segurança. Ao matar um roedor contaminado, a pessoa pode adquirir a hantavirose?, explica Gisélia.

Segundo ela, estas são as melhores maneiras de evitar contaminação da hantavirose. Como o rato é um animal silvestre, não se pode fazer controle químico pelo risco de prejudicar outros animais, e até mesmo crianças. A população deve ainda preservar os inimigos naturais do rato, ou seja, a coruja, a cobra, a seriema e o gavião.

Ações

Além dos treinamentos, uma equipe com representantes do Instituto Adolfo Lutz, de São Paulo, e técnicos da Secretária da Saúde estará, na próxima semana, em Guarapuava, onde também foi registrada a Ratada para coletar roedores para identificação do gênero e análise de possível contaminação com o vírus da hantavirose.

Esta é a quarta vez que esse tipo de pesquisa é executado. A primeira foi em General Carneiro no ano 2000, a segunda em Campina Grande do Sul em 2003 e a terceira em Palotina neste ano.

Hantavirose

É uma doença transmitida através do ar contaminado pela urina e fezes de ratos silvestres ou até mesmo pela mordida desses doedores. A hantavirose é muito grave e pode levar à morte em apenas 72 horas se não for tratada o quanto antes.

Só o médico pode diagnosticar a hantavirose, pois os sintomas podem aparecer em até 40 dias depois de respirar o ar contaminado. No início, parece mais uma gripe forte. Dá febre alta, dor de cabeça, dor no corpo, tosse seca e falta de ar. Em alguns casos, ocorrem enjôo e diarréia.

Casos

Inácio Martins é o segundo município em coeficiente de incidência de hantavirose no Estado, tendo registrado oito casos desde 1998. O primeiro é General Carneiro, com 16 casos. A 6ª Regional de Saúde, com sede em União da Vitória, é a que mais apresenta casos de hantavirose: já registrou 35 casos desde 1998. É importante frisar que, apesar da Ratada em Inácio Martins e União da Vitória, neste ano não foi registrado nenhum caso de hantavirose.

Voltar ao topo