Roberto Jefferson omite parte da conversa, afirma Miro Teixeira

Rio (AE) – Um dos primeiros integrantes do governo a ouvir o relato do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) sobre a existência de uma mesada paga pelo PT a aliados do PP e do PL, o deputado federal e ex-ministro Miro Teixeira (PT-RJ) disse que o presidente do PTB "continua omitindo uma parte da conversa". No final de 2003, Miro era ministro das Comunicações e foi procurado por Roberto Jefferson, que o convidou para se filiar ao PTB.

Nesta conversa, segundo Miro, o deputado petebista falou da mesada, mas também deu detalhes de uma reunião em um ministério. Neste encontro, do qual Jefferson disse ter participado, um ministro teria acertado pagamento de propina com parlamentares aliados. Até distribuição de dinheiro teria sido feita na ocasião. "Se ele continua não relatando, é possível que fosse mentira", disse Miro.

Jefferson diz não ter provas contra aqueles que acusa, a não ser seu próprio testemunho. "As provas devem ser perseguidas e, se houver deputado recebendo mesada, tem que ser processado, espero que condenado e preso", afirmou Miro. Ao mesmo tempo, o deputado acrescentou que há "viúvas do Collor muito excitadas com essa história".

No período em que se agravaram as denúncias de corrupção no governo de Fernando Collor de Melo, Roberto Jefferson era um dos líderes da "tropa de choque" de defesa do ex-presidente. "Há um certo sabor de revanche. Os parlamentares mais sóbrios, até do PSDB, têm sido cautelosos nas suas manifestações. Entre os aliados do Collor há uma excitação maior", disse Miro.

Rebeldes – Os parlamentares do PT que apoiaram a CPI dos Correios desde o início estão no dilema de, ao mesmo tempo, cobrar explicações da direção do partido e do governo, mas não dar crédito antecipado às denúncias sem provas de Jefferson. "Esse grande acusador nacional é também um grande acusado", disse hoje o deputado federal Chico Alencar (PT-RJ), um dos signatários do pedido de abertura da CPI. Chico ressaltou, porém que "as denúncias devem ter apuração detalhada, independentemente das poucas qualidades do denunciante".

O deputado diz que os dirigentes petistas acusados pelo presidente do PTB devem dar explicações ao diretório nacional, que se reúne no próximo fim de semana, em São Paulo. "A gente não pode ficar no discurso patriótico do inimigo que quer nos destruir. Tem gente vibrando com o desgaste do PT. A melhor defesa para quem é acusado é abrir a sua vida. Todos têm que abrir o coração para o diretório nacional do PT", cobrou. Chico é um dos organizadores do ato público "em defesa do ideário do PT", que acontecerá sexta–feira, no Rio.

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