A reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com as lideranças partidárias da Câmara dos Deputados foi uma "quebra de gelo" na relação entre os poderes. A avaliação é do líder da oposição na Câmara, deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA). "Foi uma reunião de quebra de gelo, de aproximação pessoal, de respeito do governo pela oposição e da oposição pelo governo".
Segundo o líder do PSB, deputado Renato Casagrande (ES), o presidente Lula disse que pretende fazer essas reuniões com mais freqüência. "É uma demonstração clara de que (o governo) vai priorizar a relação com a Câmara dos Deputados".
Um dos temas discutidos durante o café-da-manhã no Palácio do Planalto foi a necessidade de se criar condições para destrancar a pauta de votações da Câmara. "Não ficou absolutamente certo nada porque a pauta vai ser discutida na Câmara", disse Aleluia. Segundo ele, o encontro foi importante porque criou um diálogo entre as instituições. Há dois meses, Medidas Provisórias (MPs) trancam a pauta da Câmara porque estão com o prazo de tramitação vencido e têm prioridade de votação sobre outras propostas.
A base aliada, segundo o líder do PL, deputado Sandro Mabel (GO), não pode ficar em "compasso de espera" por causa da atual crise na articulação política do governo. "Nós, os partidos da base, fora o PT, estamos preocupados com isso". Para Mabel, a base do governo precisa definir suas prioridades para destrancar a pauta de votação da Casa. "Evidentemente como nós somos base do governo, votando dentro dos interesses do governo também, porém, votando".
O líder do PSDB na Câmara, deputado Alberto Goldman (SP), defendeu que é preciso articulação política para garantir as votações independentemente do resultado final. Para o líder do PT na Câmara, deputado Paulo Rocha (PA), a orientação de votar, mesmo que o resultado não seja o desejado, permitirá enfrentar o "processo de paralisia, de trancamento de pauta" vivido na Câmara.
Entre as prioridades de votação, os líderes citaram as reformas política e tributária, que já tramitam na Câmara. Segundo Casagrande, os deputados ainda precisam negociar mudanças na reforma tributária com os senadores antes a proposta seja enviada ao Senado.
Também participaram da reunião o ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, o presidente da Câmara, deputado Severino Cavalcanti (PP-PE), membros da Mesa Diretora e 17 líderes e vice-líderes partidários.