Requião acompanha desvio de rio que inicia obras da Usina de Fundão

O governador Roberto Requião e a coordenadora do Comitê de Gestão Integrada de Empreendimentos de Geração do Setor Elétrico, Márcia Camargo, representando a ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff acompanharam a explosão da barragem do Rio Jordão, que dá início às obras da hidrelétrica Fundão, no Centro do Estado, nesta segunda-feira. "Ao dar continuidade a esse empreendimento, tenho a certeza que se lançássemos US$ 1 bilhão de debêntures, elas seriam vendidas em até 48h, porque o investidor sabe que a Copel é uma empresa sólida", declarou Requião.

A explosão da barragem auxiliar de rocha e terra com 25 metros de extensão e 2 de altura fez com que o leito do rio fosse desviado a um túnel, escavado na rocha e permitirá o início das obras da Hidrelétrica Fundão, localizada a 88 km da cidade de Guarapuava. Fundão integra o Complexo Energético do Rio Jordão, da Elejor ? empresa cujo controle foi recentemente adquirido pelo Governo do Paraná, por intermédio da Copel, com a compra de 70% das ações da empresa. "É saudável termos sócios privados porque os governos mudam e o populismo precisa ser contido. Sócio privado é bom para fiscalizar", afirmou o governador.

Para o presidente da Itaipu, Jorge Samek, o Paraná recupera sua capacidade para ser exemplo para o Brasil, na retomada do desenvolvimento econômico. "Estamos preparando um pilar essencial para o desenvolvimento, que é a expansão do fornecimento de energia elétrica", analisou. Requião disse estar disposta a estudar a construção de usinas no baixo Iguaçu, Mauá Telêmaco Borba e acelerar as obras de Salto Grande.

EUA

O governador relatou parte de suas conversas com investidores americanos, quando deu início ao pregão da Bolsa de Valores de Nova Iorque, em homenagem aos 50 anos da Copel. "Mostramos que o objetivo fundamental de uma empresa, a médio e longo prazo, é aumentar seus consumidores e não esfolar os existentes com tarifas altas. Expliquei para os americanos que a Copel não é um bingo", disse. Para Paulo Pimentel, presidente da Copel, "o governador demonstrou, em Nova Iorque, que nunca existiu o risco Requião".

Complexo

O complexo totaliza potência instalada de 245,9 MW (megawatts) e é formado por duas usinas (Santa Clara e Fundão) de 120 MW cada, mais duas pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) que somam 5,9 MW, incorporadas às respectivas barragens. Os investimentos previstos nessas obras, as maiores na área de geração de eletricidade em andamento no Paraná, chegam a R$ 480 milhões e sua produção será suficiente para atender ao consumo de uma cidade com cerca de 600 mil pessoas. A Usina Santa Clara, cujos trabalhos estão mais adiantados, começa a operar na metade do ano que vem.

O desvio do rio é etapa essencial na construção de uma usina, pois libera a área do leito normal para os trabalhos de escavação e de construção das principais estruturas do aproveitamento como a barragem (maciço que represa as águas) e a casa de força (onde ficam instaladas as turbinas e geradores). Até que as grandes estruturas estejam prontas e o reservatório possa ser formado, fato previsto para maio de 2006, o Rio Jordão estará correndo por um túnel com 151,5 metros de extensão escavado em rocha, com 9,5 metros de largura e 11 de altura, e capacidade para dar vazão a até 1.121 metros cúbicos de água por segundo. "É um projeto belíssimo com impacto ambiental baixo, pois somenten 2 quilômetros quadrados serão alagados com a barragem", comentou Requião.

Fato idêntico aconteceu em agosto de 2003, no canteiro de obras da Usina Santa Clara ? que está sendo construída rio acima, a cerca de 12 km de onde está Fundão. O rio passou a correr através de um túnel com 184 metros de extensão, 10 metros de altura por 10 de largura e capacidade máxima de vazão de 1.250 metros cúbicos de água por segundo. Em abril, segundo o cronograma, o túnel de desvio em Santa Clara será fechado por comportas e o reservatório começará a ser formado. O represamento deverá durar cerca de 60 dias.

Segredo

O Rio Jordão já abriga uma barragem da Copel, construída na primeira metade da década de 90, completando o empreendimento da Usina Governador Ney Braga, em Segredo. A Derivação do Jordão consiste do barramento do rio e um túnel de 4,7 km de extensão que desvia parte da sua vazão para o reservatório de Segredo, no Rio Iguaçu. Essa vazão extra significa aumento de 10% na capacidade de geração em Segredo.

Agregada à barragem da derivação, a Copel instalou uma PCH com 6,5 MW de potência para obter eletricidade também da vazão remanescente. Na Derivação do Jordão, a Copel empregou pela primeira vez a tecnologia do concreto compactado com rolo, material pobre em cimento e que dispensa as armaduras e as ferragens utilizas no concreto convencional. De aplicação mais rápida e menos vulnerável a danos provocados por cheias imprevistas, a tecnologia foi empregada também no maciço da Usina de Salto Caxias, construída no trecho final do Rio Iguaçu, com 1.240 MW de potência. 

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