Reposição hormonal: Chegou a vez dos homens

Para as mulheres, os termos menopausa e reposição hormonal já são mais do que naturais. Já ganharam espaço em debates, revistas e na própria rotina de várias pacientes que sofrem da chamada falência ovariana. Mas, para os homens, falar sobre coisas como climatério masculino ou andropausa ainda é algo muito distante para a maioria. Segundo os estudos realizados por especialistas, a partir dos 40 anos, os homens começam a sofrer alterações hormonais graduais, que se tornam bem mais estabelecidas já aos 50. E os cálculos indicam que, entre 20 e 30% dos homens com mais de 60 anos têm medidas de testosterona abaixo do normal.

“Ao contrário do que acontece na menopausa, onde ocorre uma interrupção na produção ovariana de estrogênio, no homem não ocorre essa interrupção, mas sim, um declínio da produção de testosterona”, explica o clínico e cardiologista Antônio Augusto de Arruda Silveira Júnior, do Instituto Lyon, de Curitiba. Os sinais mais evidentes nos homens são a diminuição do interesse sexual, redução das massas muscular e óssea, alterações de humor, insônia, depressão, além de dificuldades na ereção e ejaculação, e sensação de mal-estar geral. Sintomas que, no entender do médico, trazem inclusive conseqüências de ordem psicológica.

Investigação e diagnóstico

O outro efeito da deficiência de testosterona é a predisposição para o acúmulo de gordura na região abdominal, assim como uma maior suscetibilidade às enfermidades auto-imunes ? aquelas onde a própria imunidade agride os tecidos do paciente. É no sentido de minimizar todos esses sintomas que vem sendo utilizada a reposição hormonal masculina, desde que comprovado que os pacientes não tenham nenhum outro tipo de doença que expliquem tais efeitos. “É preciso investigar muito bem as condições do paciente, pois assim como traz benefícios, a reposição hormonal possui contra-indicações”, esclarece o geriatra. Assim, o médico deve se basear, além dos exames laboratoriais, nos sinais e sintomas apresentados pelo paciente, adverte Silveira Júnior.

O declínio de testosterona ocorre por várias causas, entre elas, estresse, obesidade, nível de atividade física, tabagismo, alcoolismo, doenças, medicações em uso, condição sócio econômica, mas, principalmente, pela idade. Assim, é possível encontrar pacientes com 75 anos e com valores de testosterona muito próximos dos normais e pacientes com pouco mais de 40 anos e com níveis bastante reduzidos e vários sintomas provocados pelo déficit hormonal.

“A reposição pode ser feita por via oral, intramuscular, transdérmica ou com implantes subcutâneos”, diz Antônio Augusto. “Todo paciente que estiver em uso da reposição hormonal deve estar sob acompanhamento constante de seu clínico ou urologista, para que sejam realizados sempre no prazo certo todos os exames de controle: dosagens, ultra-sons, hemogramas e perfis lipídicos.”

Contra-indicações

As contra-indicações absolutas para a realização da terapêutica com reposição de testosterona são bastante conhecidas. Não podem fazer uso dela os cardiopatas graves, doentes hepáticos, portadores de elevação de colesterol LDL que não estejam tratando, pacientes que tenham apresentado ou que estejam tratando câncer prostático, além de pessoas com apnéia obstrutiva do sono ou portadores de uma doença rara conhecida como policitemia (excesso de glóbulos vermelhos).

“Quando bem utilizada, a reposição hormonal masculina têm demonstrado excelentes resultados”, garante Silveira Júnior. O paciente, salienta o médico, ganha massa e força muscular, melhorando a massa óssea, fato que ajuda na prevenção da osteoporose. Também em relação à sexualidade, ocorre um aumento da libido e do interesse sexual. O especialista deixa claro que a reposição hormonal nada tem a ver com o uso dos chamados anabolizantes, utilizados indevidamente por pessoas praticantes de atividades físicas. “O que a terapia tem feito é melhorar principalmente a qualidade de vida do idoso ou do paciente mais jovem que apresenta realmente déficit de testosterona”, completa.

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