Repórter fala sobre seqüestro em São Paulo

Durante uma entrevista com colegas da imprensa, às 2h40 desta madrugada, em frente à sede da TV Globo, no Brooklin, na zona sul da capital, o repórter Guilherme Portanova, seqüestrado na manhã de sábado por bandidos em uma padaria, também no Brooklin, contou como foram as horas em que ficou em poder dos criminosos pertencentes ao Primeiro Comando da Capital (PCC).

Ao se aproximar dos repórteres, Guilherme iniciou dizendo que estava bem de saúde. "Eu tô legal, não fui agredido e fui alimentado o tempo todo. Saí de lá, eu imagino, depois do "Fantástico". Não tinha condições de ver as horas. Ali, naquele momento, eles sentiram talvez que estivessem concluído o serviço deles e resolveram me soltar", afirmou o repórter.

Ao reencontrar os profissionais que junto com ele cobrem a madrugada na capital e na Grande São Paulo, Guilherme agradeceu: "Queria agradecer a solidariedade. O pessoal falou que vocês estavam bem apreensivos. Isso aí é que faz a gente ter certeza de continuar trabalhando, pois a galera é unida e a galera se ajuda".

O repórter da TV Globo contou ainda que os seqüestradores não foram violentos em nenhum momento e também não fizeram ameaças de morte. "Falavam que queriam apenas ver a reivindicação deles no ar e se a reivindicação não estivesse no ar eles poderiam tomar outras medidas". Guilherme revelou que trocou várias vezes de cativeiro e permaneceu o tempo todo de capuz.

Policiais do Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos, pertencentes ao Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic), estiveram na emissora e conversaram alguns minutos com o repórter, que já havia inclusive conversado com familiares lá mesmo em uma sala em separado.

Guilherme foi liberado por volta da 0h30 desta segunda-feira em uma rua do bairro do Morumbi também na zona sul. Ele não soube identificar o carro no qual estava quando foi deixado pelos criminosos naquela região da cidade. Um segurança de uma empresa privada foi quem socorreu o repórter e o levou até a sede da emissora, no bairro do Brooklin, onde chegou à 1h05 desta madrugada. Os bandidos permanecem foragidos.

O auxiliar técnico, Alexandre Coelho Calado, que também foi levado pelos seqüestradores na manhã do sábado, foi liberado no mesmo dia com a incumbência de levar à emissora um vídeo gravado cujo conteúdo foi ao ar no início da madrugada de domingo pela TV Globo. No vídeo, um criminoso, usando uma touca ninja, exige o fim do Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) implantado no sistema prisional paulista. Essa era a condição para que Guilherme fosse liberado.

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