Reflexo da crise

A democracia interna do Partido dos Trabalhadores, até aqui, uma poderosa força de atração que conseguia equilibrar as inúmeras tendências ideológicas abrigadas no interior da agremiação, começa a dar mostras de fadiga.

No mês de setembro os partidos deverão realizar suas convenções gerais e eleger os novos dirigentes nacionais. Pelo menos quatro candidatos já estão em campo para disputar a presidência do PT: o atual presidente José Genoino, Raul Pont, ex-prefeito de Porto Alegre, que pertence à corrente Democracia Socialista, o dirigente da Articulação de Esquerda, Valter Pomar, e a deputada federal Maria do Rosário.

Também o ex-deputado federal paulista Plínio de Arruda Sampaio tem demonstrado desejo de inscrever seu nome entre os descontentes com os rumos seguidos até agora pelo governo Lula. Sua apreciação, no mínimo inquietante, é que a pressa para tratar da mudança na direção nacional do PT é reflexo da crise.

O único dos candidatos declarados a defender o governo é o ex-deputado José Genoino, que, ao ser derrotado por Geraldo Alckmin na eleição para o governo de São Paulo, consolou-se com a presidência do partido.

Os demais postulantes têm feito críticas ao governo Lula, essencialmente, à postura mais exagerada que a de FHC em termos de política macroeconômica, numa atitude subserviente ao FMI, segundo as linhas de pensamento representadas nos vários ramos da árvore petista.

Muitos líderes partidários não se conformam com os baixos teores da política social do presidente Lula, e por isso se dispõem a ampliar a discussão sobre o papel do PT no governo, exigindo urgência urgentíssima no lançamento de projetos para atender carências profundas no regurgitante terreno social.

Dois anos e quatro meses depois de ter assumido o governo federal, o PT se defronta com sua maior crise interna, da qual se aproveitam os líderes da oposição, em grau maior, tucanos e pefelistas. O PMDB ainda não resolveu o incômodo dilema de ser ou não ser governo, ao passo que PTB, PP e PL encarnam a atitude dos pequenos símios que não ouvem, não vêem e não falam.

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