Reajustes no preço do álcool é “pouca vergonha”

Sorocaba – As distribuidoras de álcool hidratado aproveitaram a virada do ano para aplicar um aumento de 7% sobre o preço do combustível, segundo o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado de São Paulo (Sincopetro). Como o álcool é misturado à gasolina, esse combustível também subiu 2,5%. De acordo com a presidente regional de Sorocaba, Ivanilde Vieira, os novos valores praticados pelas distribuidoras são, em média, de R$ 1,42 para o álcool e de R$ 2,15 para a gasolina.

Na semana passada, os valores eram de R$ 1,33 e de R$ 2,11, respectivamente. A partir de amanhã (4), o consumidor perceberá o aumento no bolso, já que os postos começam a receber os pedidos feitos na segunda-feira. Segundo informações de empresários do setor, o preço do álcool deve subir novamente em 15 dias.

Eles alegam que o período é de entressafra e a retomada da produção está sendo prejudicada pelas chuvas. Ivanilde considera "pouca vergonha" a seqüência de reajustes. "Estou indignada, pois isto não é bom para o consumidor e muito menos para a economia."

Segundo ela, os postos têm sido obrigados a repassar os aumentos para as bombas, gerando a desconfiança no consumidor. "Eles acham que nós somos os vilões nessa história."

Ivanilde alerta para a grande representatividade dos derivados de petróleo. "Os combustíveis interferem diretamente na economia à medida que forçam aumentos em outros setores, como nos transportes, por exemplo. Em tudo se depende de combustível. Não estamos falando de supérfluos. Trata-se de um produto de primeira necessidade."

Ela acha que cabe às autoridades fiscalizar e intervir nessa "enxurrada" de aumentos. "Alguém precisa tomar uma providência". Atualmente, segundo ela, só os aumentos na gasolina são controlados pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). "Sobre a produção de álcool não há qualquer controle." A sindicalista não concorda que a entressafra seja motivo do aumento.

"A entressafra é uma situação prevista, que acontece todos os anos e os produtores se preparam para isso. Não há porque subir tanto o valor do álcool." Ela reconhece o aumento na demanda, causado principalmente pelo crescimento na venda dos veículos bicombustíveis, mas acredita que o Brasil, autônomo na produção do álcool, não poderia usar esta desculpa para justificar aumentos de preços. O aumento na gasolina também é decorrente do aumento do álcool. O anidro (álcool puro) adicionado na proporção de 25% na gasolina, também sofreu reajustes.

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