Raquel Teixeira diz que não aceitará sessão secreta de acareação

Brasília (AE) – A ex-secretária de Ciência e Tecnologia de Goiás, Raquel Teixeira, afirmou hoje que não aceitará uma sessão secreta do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara, onde é deputada pelo PSDB, para fazer a acareação com o líder do PL na Casa, Sandro Mabel (GO). Raquel acusa Mabel de ter lhe oferecido R$ 30 mil por mês, mais R$ 1 milhão no fim do ano, para trocar de partido.

A suspeita é de que a verba teria origem no esquema montado pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza e pelo ex-secretário nacional de Finanças e Planejamento do PT Delúbio Soares para pagar mesada pelos votos favoráveis a projetos de interesse do governo. O líder do PL na Câmara foi apontado pelo ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) como um dos beneficiários do "mensalão".

Raquel reassumiu o mandato hoje. Ela disse que, assim, terá maior legitimidade para rejeitar a sessão secreta. "Essa sessão às escondidas que estão armando é a tentativa de legitimar uma mentira. Não aceito", afirmou.

Raquel disse que, na confrontação, pretende repetir tudo o que disse a respeito da oferta que lhe teria sido feita por Mabel. O presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara, Ricardo Izar (PTB-SP), defendeu a sessão secreta. Izar disse que é para evitar que vire um espetáculo e os parlamentares comecem a correr atrás dos holofotes, como aconteceria nas comissões parlamentares de inquérito (CPIs). "A sociedade tem de assistir a tudo. Por isso, nada de sessão secreta", disse a ex-secretária de Ciência e Tecnologia de Goiás.

Raquel informou ainda que soube que o ex-vereador Cleovan Siqueira, de Goiânia, vice-presidente do PL de Goiás – o presidente é Mabel – tinha a intenção de procurá-la para propor um acordo no qual ela retiraria tudo o que havia dito ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar. Siqueira argumentaria que PL e PSDB são da base do governador Marconi Perillo (PSDB), e que esta questão deveria ser resolvida, amigavelmente, no Estado.

"Uma coisa é a base do governo. Outra coisa é o princípio, a moral e a ética. De forma nenhuma, vou aceitar esse tipo de acordo", disse a ex-secretária de Ciência e Tecnologia. Um dos motivos que a levaram a reassumir o mandato de deputada e a se licenciar da secretaria foi o fato de, em Brasília, estar distante da capital goiana e menos sujeita à pressão do PL estadual.

Ao depor ao Conselho de Ética e Decoro, Mabel negou ter oferecido à deputada qualquer tipo de vantagem em dinheiro para que ela mudasse de partido. Reafirmou a defesa que fez por escrito à CPI dos Correios, de que chamou Raquel para entrar no PL porque ela preencheria um espaço importante no partido, o de ser uma das principais referências parlamentares na área da educação.

Diante do impasse, o Conselho de Ética aprovou a acareação, proposta pelos deputados Jairo Carneiro (PFL-BA) e Orlando Fantazzini (PT-SP).

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