Quase metade das crianças brasileiras sofre de anemia, alerta Pastoral

A Pastoral da Criança, estima que cerca de 50% das crianças pobres brasileiras sofram de anemia. A médica Zilda Arns, coordenadora da Pastoral, considera o problema bem mais grave que a desnutrição infantil, que está em torno de 4%. No país, das quase 20 milhões de crianças com menos de seis anos, 48,6% são consideradas pobres.

"Esses 4% indicam, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), que já conseguimos controlar a desnutrição. O que a pastoral faz é impedir, anualmente, que 150 mil crianças fiquem desnutridas. Já a anemia é um problema bem mais complicado, que ainda não conseguimos controlar", disse. Em todo o Brasil, a Pastoral atende 1,88 milhão de crianças.

Zilda Arns informou ainda que está negociando com o Ministério da Saúde o fornecimento de sulfato ferroso nos postos de saúde para o tratamento das anemias mais graves. "Em circunstâncias sociais adversas, as crianças podem levar muito tempo para se recuperarem. A anemia em crianças muito pequenas pode enfraquecer a capacidade intelectual e a resistência contra infecções, e isso nos preocupa muito", justificou.

Segundo a médica, a mudança dos hábitos alimentares da população brasileira é um dos fatores responsáveis pelo elevado número de crianças anêmicas. "Os hábitos alimentares não são mais como antigamente, quando se comia muito feijão, arroz e verduras. Hoje, há um predomínio muito forte de carboidratos, como o macarrão", explicou.

O trabalho da Pastoral da Criança para enfrentamento da anemia seria justamente de informar as mães sobre a importância de uma alimentação adequada. "Nós estamos tentando fazer com que as crianças anêmicas comam mais alimentos como moela e fígado de galinha e gema de ovos, que são ricos em ferro, ótimos para o combate da doença", disse. Zilda Arns participou, hoje (14), do último dia do Fórum Saúde e Democracia: uma visão de futuro para o Brasil, que aconteceu no Forte de Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro.

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