Quaresma conturbada

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, aos trancos e barrancos, depois de extenuante diálogo com os partidos da chamada coalizão, na verdade, uma colcha de retalhos, conseguiu empossar alguns dos novos ministros escolhidos para recompor o primeiro escalão. Não todos.

Assumiram ontem os ministros Tarso Genro (Justiça), José Gomes Temporão (Saúde) e Geddel Vieira Lima (Integração Nacional). Os dois últimos pertencem à cota do PMDB, que já tem na Esplanada Hélio Costa (Comunicações) e Silas Rondeau (Minas e Energia), passando a aguardar a posse do quinto ministro na próxima semana, o deputado federal paranaense Odílio Balbinotti, escolhido para a Agricultura.

Em cima da hora o governo resolveu postergar a posse, com a desculpa da descortesia com o atual ministro, Luiz Carlos Guedes Pinto, ausente do Brasil. Quase nada para um governo que já demitiu ministro por telefone. Todavia, a principal causa da transferência foi o indisfarçável constrangimento de Lula ao saber da pendência existente entre o deputado e o Supremo Tribunal Federal (STF).

A reforma só deve fechar na próxima semana com a definição dos nomes para os Ministérios das Relações Institucionais, Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e Turismo. O impasse surgiu com a confirmação da saída do ministro Luiz Fernando Furlan, com a abertura de nova lacuna. Assim, o ministro Mares Guia, decidido para a vaga de Tarso Genro, passou a ser citado também como substituto de Furlan, já que nenhum empresário de porte parece inclinado a vestir a camisa lulista.

O Turismo ficará com a ex-prefeita Marta Suplicy, ao passo que o presidente do PDT, Carlos Lupi, assumirá a Previdência Social. O PT, que havia prometido acatar a prerrogativa presidencial quanto à escolha dos auxiliares, passou a defender a continuidade no Ministério do Desenvolvimento Agrário, a fim de manter a pasta sob controle da ala esquerda do partido.

As aflições do presidente não se esgotarão com a virtual conclusão da reforma parcial do ministério. O deslocamento de Tarso para a Justiça está sendo visto com reservas por setores da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Polícia Federal e partidos da oposição, que temem a manipulação política da Polícia Federal.

O final da Quaresma e a véspera da Páscoa não darão sossego ao presidente…

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