Proposta para comércio exterior mostra continuidade de governo

A estratégia do PT para as negociações comerciais do Brasil com outros países indica, surpreendentemente, uma forte grau de continuidade da linha seguida nessa área pelo presidente Fernando Henrique Cardoso. A exceção é a proposta de criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), pela qual o PT não tem a menor simpatia.

Mas o programa de governo apresentado hoje pelo candidato Luiz Inácio Lula da Silva não prevê que o País se retire dessas conversas e ainda sinaliza com a possibilidade de ampliar as relações bilaterais Brasil-Estados Unidos.

No campo das negociações internacionais, um dos eixos do programa petista é a ?reconstrução do Mercosul? e a sua institucionalização mediante a criação de entidades comuns, como o parlamento e o tribunal de solução de controvérsias. É uma posição mais identificada com o atual governo do que a manifestada pelo candidato oficial, o tucano José Serra.

O texto deixa claro que o bloco deve manter-se como uma união aduaneira – o que significa a aplicação de tarifas comuns sobre as importações de outros países, além da negociação em conjunto de temas comerciais. A idéia de preservar o Mercosul vem do entendimento de que, atuando em bloco, o País conta com uma base mais forte para as negociações na Alca, com a União Européia e com outros parceiros. Serra declarou ontem que seguirá linha oposta. Ele defendeu a ?flexibilização do Mercosul?, o que representaria o fim da união aduaneira, mantendo-se apenas o livre comércio entre os parceiros.  No caso da Alca, o documento do PT reforça a retórica de que ela ?não é uma proposta de cooperação, mas de anexação? e ?uma grave ameaça aos países ao sul dos Estados Unidos?. Entretanto, Lula não parece disposto a abandonar as negociações. ?Temos todo interesse de ampliar nossas relações bilaterais com os Estados Unidos (hoje consomem 25% das nossas exportações)?, diz o programa de governo.

 

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