Promotor se diz estarrecido com “relato frio” de Suzane von Richthofen

O promotor Roberto Tardelli disse que ficou estarrecido com o "relato extremamente frio" de Suzane von Richthofen, ontem, no primeiro dia de seu julgamento no Fórum Criminal da Barra Funda, em São Paulo. Suzane e os irmãos Cravinhos são acusados pelo assassinato de Manfred e Marísia von Richthofen, pais dela, em 2002, na zona sul da capital

"Parecia que não dizia respeito a ela. Impressionante a forma como se desliga da família", afirmou. O promotor também reparou que, em seu relato, Suzane não se referiu à casa dos pais em nenhum momento como tal – falava sempre "minha casa, minha chácara". Considerou que é "aterrador" o réu estudar o próprio processo. "Nunca vi disso", comentou

Em sua declaração de mais de quatro horas, Suzane contrariou tudo o que os irmãos Cravinhos disseram antes dela. Ela se defendeu das acusações de Daniel, que afirmou que ela teria fumado maconha antes de conhecê-lo e não era mais virgem. Suzane rebateu as declarações, dizendo que apenas conheceu as drogas após começar o namoro com Daniel

Tardelli encontrou até 15 contradições no depoimento dos réus – Suzane e os irmãos Cravinhos. Ele apontou que mudar a tese no dia do júri, como fez Christian ontem, ao negar que teria golpeado Marísia von Richthofen, é "temerário".

Ontem, após ouvir Suzane e os irmãos Cravinhos, o júri entrou em recesso às 23h30. Com atraso, o julgamento foi retomado hoje por volta das 11h30

Indisposição – De acordo com a Rádio CBN, o promotor Nadir de Campos Júnior afirmou hoje que Suzane tentou alegar que não poderia participar ontem do primeiro dia do julgamento por ter passado mal e vomitado. Ele disse que Suzane vomitou e sujou as roupas logo que chegou ao fórum, alegando que estava com problemas nos rins e não teria condições de participar do júri

Campos Júnior declarou que um médico foi chamado e atestou que ela estava apenas com uma indisposição por causa de ingestão alimentar. "Algum medicamento tomado sem receita médica pode causar vômito" – sugeriu o promotor, levantando a hipótese de que Suzane tivesse provocado o vômito na tentativa de adiar a sessão.

Mesmo não conseguindo o adiamento, o vômito serviu para que ela trocasse de roupa e não usasse no Tribunal do Júri o uniforme de presidiária. Os advogados de Suzane haviam pedido ao juiz que ela não fosse levada a júri com roupa de presidiária, mas com vestes comuns. "Como não temos aqui outra roupa de presidiário, ela teve que tomar banho e trocar de roupa" – revelou o promotor

"O júri julga de forma diferente pessoas que estão com roupas comuns e com roupas de preso. Se ela troca de roupa e os dois outros réus não, isso pode influenciar na decisão do leigo", afirmou o promotor. A partir daí, foram arrumar roupas para os irmãos Cravinhos, para que eles também não usassem roupa de presidiário

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