Projetos investem na recomposição do palmito juçara

ecoterra.jpgA palmeira juçara (Eutherpe edulis) é original da Mata Atlântica e na época do
descobrimento do Brasil, ocorria desde o litoral até altitudes acima dos 1.000
metros. Mas atualmente só é encontrada em unidades de conservação. Para o homem,
a utilidade vai além da produção de palmito para a alimentação, pois seu tronco
serve para a fabricação de ripas para a construção de telhados, paredes e
assoalhos das casas. Para a fauna da Mata Atlântica, os frutos da palmeira são
ricos em pró-vitamina A, ferro e água, substâncias importantes na produção de
energia e para regular o intestino animal na estação seca. Vários animais são
encontrados em palmitais, desde antas até mutuns e papagaios.

Uma das
atividades desenvolvidas pela organização não-governamental (ONG) Amainan Brasil
é o Projeto Juçara, realizado em parceria com a empresa Kazita, que comercializa
palmitos juçara dentro dos padrões legais e de vigilância sanitária. Este
projeto visa a recomposição dos estoques da palmeira juçara na Mata Atlântica
através do desenvolvimento e fomento do manejo de áreas de floresta natural.
"Temos duas áreas principais onde realizamos o projeto, uma é em Sete Barras, no
Vale do Ribeira, e a outra é no sul da Bahia", diz o Diretor da ONG, Paulo
Sgroi.

Um dos motivos para a escassez da planta em locais onde era abundante
é a exploração inadequada e o lento crescimento e frutificação, que ocorre em
média oito anos após o plantio. Outras palmeiras como o açaí (Eutherpe olerácea)
e a pupunha (Bactris gasipaes) são usadas em tentativas de substituição da
juçara na produção de palmito. Mas de acordo com Sgroi, essas substituições não
são vantajosas como parecem, apesar de atrativos como o crescimento mais rápido
que o da palmeira juçara e o fato de não precisarem ser replantadas. "A pupunha,
por exemplo, precisa de sol para crescer o que pode exigir desmatamento de áreas
florestadas para a plantação da palmeira. Tanto o açaí como a pupunha são
originais da Amazônia e se plantados perto de florestas nativas podem trazer
novas pragas", disse.
O plano de manejo sustentado em áreas de plantação de
palmito exige o corte correto da planta para evitar a extinção. O corte
clandestino é um crime ambiental que ainda ocorre. A Unidade de Conservação
Floresta Estadual do Palmito, localizada em Paranaguá, litoral do Paraná, tem
uma área de 530 hectares onde a espécie de palmeira juçara é predominante. "Por
mais que tenhamos equipes de fiscalização na área, a situação é complicada.
Moradores dos arredores da floresta sem alternativa de renda, entram na mata
para coletar cipós ou palmitos, o que constitui crime ambiental. Uma pequena
porcentagem dessas pessoas vive da venda do palmito ilegal, que pode gerar
diversas doenças, como o botulismo – infecção alimentar causada por bactérias
desenvolvidas em locais sem oxigênio, como vidros de conserva -, devido à
manipulação e processamento do alimento sem respeitar normas sanitárias",
explicou o Gerente da Floresta Estadual do Palmito, Ozeas Gonçalves.

Além
do palmito, a polpa do fruto da juçara também pode ser explorada, o que já é
feito há anos com palmeiras da Amazônia como o açaí. A polpa, além de ter maior
valor econômico que o palmito, pode ser extraída e manter a palmeira viva, o que
permite o uso sustentável das florestas nativas. O Projeto Juçara também esta
apostando no incentivo desta atividade. A ONG Amainan também oferece sementes a
um preço subsidiado, para incentivar proprietários de terras que queiram
cultivar o palmito juçara de modo sustentável. O e-mail para contato é amainan@amainan.org.

www.ecoterrabrasil.com.br

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