Projetos de gasoduto receberam R$ 1,8 bilhão do BNDES

Os desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a construção de gasodutos dispararam no ano passado, atingindo R$ 1,8 bilhão, mais de dez vezes o volume liberado no ano anterior. O movimento reflete o esforço da área de infra-estrutura do banco para apoiar projetos que garantam o suprimento de energia nos próximos anos, diz o vice-presidente da instituição, Demian Fiocca, que defende uma maior integração dos parques geradores de energia da América do Sul. Dentre os projetos apoiados em 2005 estão o Gasoduto Coari-Manaus e trechos do Gasoduto Sudeste-Nordeste (Gasene).

Na opinião de Fiocca, a América Latina está em uma posição "confortável" com relação ao fornecimento de energia, mas deve aprofundar a integração entre os diferentes potenciais energéticos que possui, investindo em projetos como o gasoduto ligando a Venezuela a Buenos Aires, atualmente em estudo. A integração energética provoca ganhos de eficiência e reduz a necessidade de ampliação do parque gerador, já que é possível aproveitar hidrologias e fusos horários diferentes, completa o chefe do departamento de energia do banco, Nelson Siffert. "Quando chove muito no norte do continente é período de seca no sul e vice-versa", explica.

Fiocca admite que o processo de integração é lento e depende de uma série de acordos bilaterais. Mas diz que o Gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol), em operação desde o fim dos anos 90, é o melhor exemplo de que pode funcionar. A área de gás, por sinal está entre as prioridades do banco, que apóia os principais projetos de gasodutos no País. O Gasoduto Coari-Manaus, que liga as reservas de Urucu, na Amazônia, à capital do Estado, por exemplo, é considerado fundamental, porque reduz à metade os gastos com subsídios à geração térmica na região, que consumiram R$ 3,5 bilhões no ano passado. Além disso, lembra Siffert, garante um insumo de excelente qualidade às indústrias da Zona Franca de Manaus.

No entanto, o BNDES tem encontrado dificuldades para financiar a expansão das redes de distribuição do combustível, operadas por concessionárias estaduais. Na maior parte dos casos, essas empresas são controladas pelos governos do Estado onde atuam e, por isso, estão limitadas a receber financiamento de instituições públicas. Até agora, o banco só conseguiu liberar R$ 1 bilhão para as empresas que já foram privatizadas, como a Comgás, de São Paulo, e a CEG, do Rio. A limitação para a expansão das redes locais é apontada no setor como um dos principais gargalos do mercado de gás natural.

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