Projetos com pontos em comum

Os estilos são diferentes, as concepções também. Mas os projetos paisagísticos em destaque na edição 2006 da Casa Cor de São Paulo têm pontos em comum. Da calçada de Benedito Abbud ao jardim de entrada de Alex Hanazaki e ao pátio de Roberto Riscala; do jardim do restaurante de Gigi Arruda Botelho ao skyline de Gilberto Elkis e ao gazebo de flores de Paulo Gazola, fica evidente a preocupação com a qualidade de vida e a criação da atmosfera zen, ao mesmo tempo que inúmeros materiais são testados.

Em um trecho de 250 m da longa calçada do Jockey Club, na zona sul, Abbud, por exemplo, aplicou um conceito que não está restrito à Casa Cor, mas diz respeito a toda São Paulo: a calçada ecológica. Junto da Associação Brasileira de Cimento Portland, ele criou um piso especial de concreto com "vazios" (espécie de peneira) que drena a água da chuva. "Seria uma das soluções para as enchentes", acredita.

Logo após a bilheteria, na área de 1.000 metros quadrados, Hanazaki fez do jardim de entrada um espaço que ele chama de "sensorial". "Procurei estimular a audição por meio da água que vem da fonte; o paladar, por meio de árvores frutíferas; o olfato, pela presença dos jasmins-manga e das gardênias; e a visão, pela harmonia do conjunto", realça. O arquiteto e paisagista também quis que o espaço fosse interativo; por isso, distribuiu recantos de estar para contemplação, caso do mirante e da pérgola.

"Propositadamente, fiz um espelho d’água até bruto, mas coloquei dentro dele pedras desgastadas pelo tempo, algumas delas de 3 metros de altura", diz. O toque oriental está no pátio de entrada, que recebeu piso de pedra de lava vulcânica negra (a placa de 40 cm x 20 cm na Ásia Pedras), utilizada na Indonésia como revestimento de piscinas – e inédita no Brasil, segundo Hanazaki.

No centro desse espaço, inspirado no cinema japonês de Kurozawa, o paisagista fez uso de três cerejeiras de até 5 metros de altura. Espalhadas pela área, jardineiras e, nelas, Phoenix canarienses, bromélias e helicônias, espécies originárias do seu próprio viveiro (preços sob consulta). "Procurei fugir de uma relação direta com a mata atlântica em nome da visão contemporânea, geométrica", diz ele. Por isso, o piso também conta com quartzito branco antiderrapante e faixas de itaúba, entremeados de grama-esmeralda, onde estão embutidos os pontos de luz.

Verde e urbano

Toda casa deveria ter um lugar para poder conversar, ler, observar. Essa foi a idéia de Roberto Riscala para criar, em 280 metros quadrados, o pátio da Casa Cor, ao lado da garagem. "É um jardim urbano que pode ser usado, por exemplo, para expor obras de arte ou peças que compõem os ambientes residência", explica. Riscala também enfatizou o elemento água no spa, onde cabem até seis pessoas (da Versati). Ao redor, o mobiliário da L’Oeil: mesa marroquina com pés de ferro e tampo de mosaico, cadeiras de ferro revestidas com tecido impermeável da Regatta, bancos de madeira em estilo indonésio. Para o piso, ele desenvolveu com a Solarium um cimento que imita camurça (placa de 50 cm x 50 cm). "Fiz essa brincadeira porque as pessoas querem ver novidades na Casa Cor", diz.

Riscala ainda pintou os muros de preto para criar contraste com o que estivesse à frente. "Quero que o verde grite", admite ele, que aproveitou pés de jasmim-manga e bambus retos (na Jadinatto Paisagismo). Aqui e ali peças escolhidas a dedo: jarros chineses de cerâmica verde (na L’Oeil) e vasos vietnamitas de terracota com base de concreto pintado de preto para dar a impressão de escultura. (AE)

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