Projeto para distribuição de gás no Distrito Federal é adiado

A crise deflagrada pela decisão boliviana de nacionalizar as suas reservas de gás natural jogou incertezas sobre o futuro de projetos de expansão do consumo do produto no Brasil. No Distrito Federal (DF), onde a Petrobras pretendia começar a vender gás natural para veículos no próximo mês de junho, a idéia foi adiada para uma data ainda indefinida. Com empresários e potenciais consumidores da região totalmente inseguros, os responsáveis pelo projeto resolveram trazer a Brasília, na próxima quarta-feira, representantes da Petrobras para esclarecer dúvidas e fixar metas. "Com todo o noticiário, a opinião pública ficou sobressaltada", resumiu Rubens Alves dos Anjos, consultor do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos Autorizados do Distrito Federal (Sincodiv-DF).

Um investimento de cerca de US$ 50 milhões, feito pela Petrobras em associação com a empresa White Martins e a CEB Gás (subsidiária da estatal do DF fornecedora de energia), permitiu a implantação da estrutura que tornará possível a comercialização de gás natural trazido de Paulínia (SP). Segundo o consultor, uma das propostas da reunião é esclarecer aos donos de postos, concessionários e consumidores do DF que em Brasília não será vendido gás natural vindo da Bolívia, mas gás extraído em solo brasileiro. "Essa foi uma das principais dúvidas surgidas esta semana", comentou.

Há outras questões em aberto, que já ameaçavam o início do projeto, como a definição da alíquota de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) que será cobrada sobre o produto. Há um impasse entre o governo local, que defende uma alíquota de 12%, e os revendedores que querem 7% de ICMS.

Rubens Alves relatou, no entanto, que o atraso no projeto se consolidou ao longo da semana já que alguns motoristas, que se preparavam para investir entre R$ 3,5 mil e R$ 4,5 mil na conversão dos motores de seus carros, se mostraram reticentes por causa da crise na Bolívia. Ele conta que houve ainda "manifestações desanimadas" de donos de postos de combustíveis que devem aplicar recursos em obras de armazenagem segura do gás

O projeto prevê que pelo menos 1% da frota de automóveis do Distrito Federal, cerca de 7 mil veículos, esteja trafegando também com gás natural em até três anos. A nova data para iniciar a comercialização, no entanto, só deverá ser definida após a reunião da próxima quarta-feira, mas a expectativa é que antes do fim do ano a idéia não deve ser colocada em prática.

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