Preso homem acusado de organizar ataque a ônibus no Rio

Rio – Mais uma reviravolta no caso do ônibus da linha 350: o presidente da Associação de Moradores da Vila Piquiri, na norte do Rio, conhecido como Beto, entrou ontem (6) na Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) como testemunha do inquérito e não saiu. Foi preso, sob acusação de organizar, com o traficante Anderson Gonçalves dos Santos, o Lorde, a queima do ônibus, que resultou na morte de cinco passageiros carbonizados e deixou 14 feridos.

"Agora o caso está encerrado. Seis foram presos, quatro estão mortos e um, foragido. O presidente da associação de moradores foi o grande cúmplice. Deu a idéia de fazer a manifestação, falou com Lorde o que tinha que ser feito, comprou gasolina, reuniu as pessoas para o ataque, assistiu ao incêndio e ainda socorreu três vítimas. Matar (os cinco passageiros) foi uma grande trapalhada", declarou a responsável pela investigação na DRE, Marina Maggessi.

Os mandados de prisão contra o acusado e mais três pessoas – duas mulheres e um homem – detidas no Morro da Fé e também apontadas como participantes do ataque foram expedidos na madrugada de hoje.

Marina disse que a participação de cada um foi detalhada por Lorde, que confessou, em depoimento, ter ordenado a queima do ônibus, em represália à morte, pela Polícia, de um traficante conhecido como Ciborgue. Ela afirmou que o criminoso será indiciado pelos 5 homicídios, apesar da alegação de que não mandou queimar os passageiros. "A situação dele fica a mesma."

Mas a confusão do caso não acabou. Apontada inicialmente como testemunha-chave do caso, a menor de 13 anos que confessara ter participado do ataque ao lado da namorada de Lorde, Brenda Lizer dos Santos da Silva – inocentada e liberada na noite de ontem -, não foi reconhecida por vítimas e testemunhas e disse a Marina que mentiu, por medo. No entanto, o chefe da Polícia Civil, Álvaro Lins, afirmou hoje que "não descartou totalmente" a participação da menina, que está à disposição da Vara da Infância e da Juventude.

"Estamos tratando isso com muita cautela. O principal fato foi prisão do chefe da quadrilha e mentor do crime."

Sabrina Aparecida Marques Mendes, de 21 anos, presa por engano como namorada de Lorde, disse que vai processar o Estado. "A melhor coisa para ela foi ter sido presa, porque teria sido morta. O que fizemos aqui foi provar sua inocência. A gente a protegeu da morte", disse Marina, que negou ter havido falhas na investigação, apesar dos enganos e reviravoltas. A polícia ainda procura o traficante conhecido como André Bocão, que está foragido.

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