Presidente francês critica plano dos EUA de sistema antimíssil

O plano dos Estados Unidos de instalar bases para um sistema antimíssil no Leste Europeu pode reviver velhas divisões no continente, disse nesta sexta-feira (9) o presidente francês, Jacques Chirac. Os EUA querem instalar o sistema na Polônia e da República Checa para que qualquer míssil disparado por "Estados renegados", como Irã e Coréia do Norte, possam ser contidos. "Precisamos ser muito cuidadosos para não criar novas linhas de divisão na Europa e voltar a uma ordem ultrapassada", disse Chirac à imprensa após uma reunião de líderes da União Européia em Bruxelas. "A questão levanta uma série de perguntas sobre as quais devemos refletir", acrescentou.

O plano americano já causou atrito entre os aliados da Otan (Organização para o Tratado do Atlântico Norte). A República Checa rejeitou as críticas, depois que Luxemburgo disse que a participação no sistema americano ameaçava causar novas tensões com a Rússia. Uma pesquisa de opinião divulgada na semana passada mostrou que dois terços dos checos são contra a instalação do sistema de radar dos EUA.

O presidente checo, Vlacav Klaus, reuniu-se nesta sexta-feira em Washington com o vice-presidente americano, Dick Cheney, para discutir a proposta de instalação do sistema de defesa. Segundo um comunicado do escritório de Cheney, "o vice-presidente elogiou as contribuições da República Checa para a segurança global como um forte aliado da Otan e destacou o compromisso dos EUA para a segurança Euro-Atlântica, que pode ser mais fortalecida com a cooperação no sistema antimíssil". O comunicado indicou que o sistema de defesa seria destinado para "potenciais ameaças do Oriente Médio".

O presidente russo, Vladimir Putin, ameaçou adotar medidas em resposta se os EUA forem adiante com o projeto. Ele disse não acreditar nas alegações dos EUA de que o sistema busca conter ameaças do Oriente Médio. Antes do encontro com Cheney, Klaus se reuniu com o secretário de Defesa americano, Robert Gates, e discutiu o sistema antimíssil, assim como sobre o Iraque e o Afeganistão, onde a República Checa mantém alguns soldados.

A Grã-Bretanha tem manifestado interesse em participar de qualquer sistema dos EUA, mas outros aliados indicaram que não querem ser envolvidos. O ministro da Defesa da Alemanha, Franz Josef Jung, pediu na semana passada que seja discutida a criação de um escudo da Otan, mas os social-democratas, que fazem parte da coalizão governista, advertiram que qualquer medida nesse sentido poderia desatar uma nova Guerra Fria com a Rússia.

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