O presidente Luiz Inácio Lula da Silva receberá nesta semana empresários da indústria brasileira de televisores e eletroeletrônicos para discutirem a instalação da TV digital no Brasil. A informação foi dada hoje (24) pelo ministro das Comunicações, Hélio Costa, para quem o presidente está "estrategicamente" abrindo todas as possibilidades de negociação para a transferência de tecnologia digital para o Brasil.
O governo quer saber qual é a disposição dessas empresas em participar do desenvolvimento do parque de semicondutores e da produção de televisores digitais no Brasil. Entre elas, segundo Costa, está a Gradiente, a Semp e a Linear, que fabrica transmissores digitais. "O que o presidente está querendo é ver o pulso das empresas brasileiras, qual é a disposição delas", disse. Uma das idéias, segundo o ministro, é de que essas indústrias ampliem sua produção para outros países da América Latina.
Uma nova rodada de reuniões com representantes das emissoras de TV deve ocorrer na próxima semana. Está previsto também a visita de empresários da Toshiba, uma das empresas japonesas interessadas em instalar uma fábrica de semicondutores no País. O interesse da Toshiba foi manifestado há duas semanas, quando um grupo de ministros esteve em Tóquio para negociar com o governo japonês contrapartidas a uma eventual escolha do padrão japonês de TV digital.
Na semana passada, ao voltar da viagem, Costa deu a entender que as negociações já estavam encerradas e que o Brasil havia feito a escolha do sistema nipônico. Mas hoje, antes de um encontro com Lula, o ministro não foi tão enfático. "O que eu disse, ao voltar do Japão, é que temos dado ao presidente todos os instrumentos e que cabe a ele a decisão".
Costa se declarou satisfeito com as negociações com os japoneses. "Nós estamos satisfeitos com os acordos que firmamos. E o presidente manifestou essa mesma impressão que nós tivemos", afirmou. No Japão, foi assinado um memorando de entendimento, mas os japoneses não assumiram um compromisso formal de instalar no Brasil uma fábrica de semicondutores.
"Agora, se estrategicamente ele (Lula) quer abrir ou continuar conversações, acho perfeitamente natural que ele faça isso", afirmou, referindo-se à declaração do presidente, na semana passada, de que a escolha do padrão de TV digital tem de ser feita com muita tranqüilidade, medindo cada passo.
Além do padrão japonês, o Brasil estuda as tecnologias européia e americana. A União Européia já convidou o governo brasileiro a enviar representantes à Europa para a assinatura de um compromisso de instalação de uma fábrica de semicondutores no Brasil. Mas ainda não há resposta do Palácio do Planalto.
Questionado se a estratégia do presidente Lula não implicaria fazer o anúncio do padrão digital após a viagem que fará no fim de maio a Viena, onde participará da reunião de cúpula dos países da América Latina e Caribe com os da União Européia, Costa respondeu: "Se vai esperar, ou se não vai, o presidente é que vai decidir. O presidente desautorizou, pelo menos na minha frente, qualquer insinuação de que ele estaria indo à Europa para fazer negociações sobre TV digital."