Presidente da Varig reclama de atitude da BR

A BR Distribuidora representa hoje o maior entrave ao sucesso do plano emergencial da Varig, que prevê suspensão temporária de gastos correntes, com pagamento posterior. A avaliação foi feita hoje (12) pelos principais executivos da Varig e da consultoria Alvarez&Marsal. Além deste projeto, a empresa tenta planos alternativos, que englobam nova rodada de negociações com a Varig Log, eventual participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) numa solução de mercado para capitalizar a empresa e entendimentos com investidores financeiros.

"Estamos falando de um credor que está dentro do plano de recuperação. Aprovou o plano duas vezes. Essa é a diferença, não é só um fornecedor", disse o presidente da Varig, Marcelo Bottini, depois de explicar que a empresa não está pedindo dinheiro público ou do governo, mas um acordo comercial com a BR um prazo de 60 dias para pagar o combustível, hoje quitado antecipadamente. Segundo a empresa, as negociações com empresas de leasing de aviões, empregados e a própria Infraero estão evoluindo melhor. Junto com um entendimento com a BR, estes são os "quatro pés" do plano.

O executivo Luis de Lucio, da consultoria Alvarez&Marsal contratada pelos credores e autora do plano emergencial, diz que "as quatro pernas têm de funcionar juntas". "Com a BR está muito complicado e as outras três dependem disso", afirmou De Lucio. A Varig defende que transferiu para a estatal todo o seu fornecimento quando a BR foi criada, a pedido do governo, que chegou a ter 90 dias de crédito no passado e que concorrentes têm prazo. Segundo a Varig, os pagamentos com a distribuidora são diários e as dívidas antigas estão renegociadas.

Bottini fez um balanço da situação da empresa desde a entrada, ano passado, no processo de recuperação judicial. Disse que dívidas passadas foram repactuadas em pagamentos em prazos de 7 a 10 anos. "A Varig buscou uma solução de mercado. Os credores são hoje os grandes administradores da Varig", afirmou citando que eles tornaram-se "cúmplices no processo, têm conhecimento do que se passa".

Ele disse que credores, juízes, administradores judiciais e a Alvarez acompanham tudo que ocorre na empresa. E afirmou que já eram previstos problemas no período de baixa temporada e que o próprio plano deixava implícita a necessidade de capital nesta fase. Ele argumenta que o plano prevê a estruturação de um fundo – que receberá ações da Fundação Ruben Berta (FRB) e no qual entrarão novos investidores -, mas isso deverá levar três meses.

Até lá, é preciso equacionar os problemas de caixa. A principal proposta é a postergação negociada de gastos correntes No front de entendimentos com a Varig Log, está sendo negociada nesta semana uma equação entre o passivo anterior e os gastos correntes não pagos pela companhia. Junto ao BNDES, não houve, ainda, a formalização de pleito. A Volo Brasil, dona da Varig Log, ofereceu US$ 350 milhões para comprar a Varig.

Bottini também lembrou que a Fundação Ruben Berta (FRB) já foi afastada da companhia.

O executivo voltou a dizer que a empresa precisa de um aceno do governo de que a Varig é importante ao País. Disse que nunca foi pedir recursos ao ministro da Fazenda, Guido Mantega. E lembrou que, na prática, a companhia é que seria credora da União, em estimados R$ 4,5 bilhões, relativos a perdas tarifárias, conforme causa julgada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

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