Preço do álcool próximo a romper acordo com o governo federal

A forte demanda por álcool no mercado interno e externo pode ter provocado hoje (13) a quebra do acordo que os usineiros fecharam com o governo federal no final do ano passado. Na negociação, os usineiros se comprometeram a vender o álcool anidro (sem impostos) a no máximo R$ 1,05 o litro. Segundo uma fonte ligada a um grupo de usinas, o preço superou esse valor e chegou a ser negociado a R$ 1,08.

Na sexta-feira, o preço do álcool anidro apurado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq) – responsável pelo levantamento do valor negociado no mercado -, chegou a R$ 1,04623 por litro, alta de 2,2%.

De acordo com Miriam Bacchi, pesquisadora Cepea, alguns negócios foram sondados acima do limite de R$ 1,05, mas não foram efetivados. "Se houve algum negócio efetivo, foi em volume pequeno que não dá para considerar como mercado", afirmou a pesquisadora.

Já o diretor-presidente da corretora Bioagência, Tarcilo Ricardo Rodrigues, afirmou que pequenas distribuidoras pressionam o setor desde a última semana e oferecem preços acima do limite acordado. "Só que eu tenho meus clientes cativos, vou cumprindo o acordo até quando tiver o combustível", afirmou. "Enquanto isso, distribuidoras pequenas seguem tumultuando o mercado e oferecendo preços maiores", completou Rodrigues.

Segundo a fonte ouvida pela Agência Estado, já havia na semana passada rumores de que algumas usinas de álcool quebrariam o acordo selado com o governo em razão da forte procura pelo produto. A razão desta postura teria surgido na negociação em dezembro. Em princípio, o setor sucroalcooleiro teria fechado uma posição contrária a intervenção de Brasília no mercado de álcool.

Uma das representantes das usinas, segundo a fonte, quebrou o acordo prévio no setor e aceitou a imposição de preço do governo A situação criou um embaraço, mas mesmo assim, as demais usinas seguiram a recomendação.

Única

O diretor-técnico da União da Agroindústria Canavieira (Unica), Antonio de Padua Rodrigues, disse hoje ser precipitado dizer que o setor não está cumprindo o acordo.

Mesmo assim, Pádua reconheceu ser "impossível" neste momento tentar averiguar se houve ou não a venda de álcool acima do preço fixado pelo governo. O setor irá avaliar a situação amanhã (14) e deverá se pronunciar novamente em relação ao assunto.

"A Unica continuará a monitorar o mercado para avaliar o que está efetivamente ocorrendo neste momento pontual de entressafra", informa a nota.

Voltar ao topo