Poucos presos são atendidos por atividades de ensino, afirma professor

Brasília – O Conselho Nacional de Educação vai estabelecer as diretrizes e orientações para a criação de uma política nacional de educação nas prisões brasileiras. O objetivo é oferecer mais alternativas de ensino e cultura à população carcerária, ?lamentavelmente ainda jovem?, explica o professor Célio Cunha, da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco).

Em entrevista à Rádio Nacional, ele disse que apenas 17% dos presos são atendidos por algum tipo de ensino ou atividade cultural no país. Existe, portanto, um universo muito grande a ser atendido e compete ao governo criar condições para estimular a vontade dos detentos de retomar os estudos. Ele afirma que ?a privação da liberdade não priva o cidadão das outras dimensões da vida, do direito à leitura e à educação de qualidade?.

São fatores que, para Cunha, estão na raiz do direito que todo preso tem de buscar a ressocialização, e essa oportunidade não pode ser subtraída. ?Ao contrário. Ela tem é que ser estimulada, o que certamente contribui para evitar uma série de problemas que ocorre nas prisões." Segundo o professor, a educação por si só não produz milagres, mas com certeza ajuda em qualquer processo de recuperação, quando bem dirigida.

Nesta semana foi realizado em Brasília o Seminário Nacional pela Educação nas Prisões, reunindo especialistas dos estados e de outros países nas áreas de educação, segurança e justiça para a troca de experiências e discussão de alternativas pedagógicas para o ensino nas prisões. Durante o evento, lembra Cunha, foi apresentado um grupo de teatro formado por jovens recém-saídos da prisão, que encontrou na arte cênica uma forma de redirecionar a vida.

Esse foi apenas um exemplo, segundo ele, de que a educação tem um poder muito grande de modificar pessoas e situações. Daí a importância do esforço governamental de promover uma política de inclusão educacional, explica, pois ?quanto mais gente botar na escola, menor o número de criminosos". Basta ver que nas periferias onde a Unesco promoveu a abertura de escolas nos fins de semana caíram os índices de violência, acrescenta.

Para Cunha, à medida em que o país consiga sistematizar a educação nos presídios e colocar nas escolas todas as crianças e jovens, oferecendo-lhes oportunidades de trabalho, ?seguramente teremos um componente importante de cidadania e de maior segurança da sociedade".

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