Possível presidente mexicano quer ligação com Brasil

Um dia depois de vencer por margem estreitíssima uma eleição judicialmente contestada e, por isso, oficialmente ainda não proclamado presidente eleito, Felipe Calderón deu ontem entrevista à imprensa internacional na qual anunciou que sob seu governo, "o México terá uma política externa responsável e ativa baseada em princípios", entre os quais destacou "o respeito aos direitos humanos, à não-ingerência e aos organismos multilaterais".

Respondendo a pergunta do jornal O Estado de S.Paulo, ele disse acreditar que o México e o Brasil "podem ter relações muito melhores" do que tiveram e devem "buscar sinergias nas quais os dois países possam ganhar". Disse que as duas economias se complementam em muitas áreas, devem explorar áreas de interesse comum e manifestou particular interesse em intensificar o diálogo "e aprender com o Brasil" na área energética.

Especificamente, disse que tem interesse em mais colaboração entre a Pemex e a Petrobras para a exploração de petróleo nas águas profundas do Golfo do México. Em outro ponto da entrevista de quase uma hora, voltou ao tema da energia para dizer que vê espaço para uma colaboração entre os dois países na área do etanol.

Suas mensagens mais fortes foram, no entanto, as que deu para o próprio México. Pelo terceiro dia consecutivo, o líder conservador fez um chamado "à conciliação e à paz" após uma campanha que dividiu o país.

Mas não se conteve ao ser perguntado como via o fato de figuras históricas do regime do Partido Revolucionário Institucional (PRI), como Manuel Camacho Solis, braço direito da campanha de López Obrador que em 1988 ajudou a operar a fraude que elegeu Carlos Salinas de Gortari, estar hoje empenhado em anular a eleição. Lembrou as perseguições políticas que sofreu por conta de sua militância no Partido de Ação Nacional, incluindo episódios de roubo de eleições locais pela máquina priista.

Em relação aos EUA, declarou que terá uma relação "sem baixar a cabeça" e condenou a construção de cercas e a mobilização de tropas para controlar a fronteira. Disse também que a América do Norte só estará integrada quando, além da liberdade de comércio, exista o mercado de trabalho livre entre México, EUA e Canadá.

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