Porto impede embarque de soja fora dos padrões em terminal privado

A tentativa de carregar o navio ?Despina? com soja fora dos padrões de qualidade foi o principal motivo que levou o Superintendente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), Eduardo Requião, a assinar nesta segunda-feira (12) a Ordem de Serviço nº 39/2006, que impede embarques de grãos e derivados através do berço de atracação 206, proveniente do Terminal da Bunge Alimentos S/A. A medida permanece até que a carga do ?Despina? seja totalmente retirada e que o silo da empresa seja limpo e fiscalizado pela Empresa Paranaense de Classificação de Produtos (Claspar).

No final de semana, o navio estava sendo embarcado pela empresa Bunge com soja com índice de avarias acima do permitido. O produto era proveniente de um armazém fora da área primária do Porto e apresentava uma concentração de avarias de 9,8%, quando o aceitável não deve ultrapassar 8%. Ao verificar a baixa qualidade da mercadoria, o superintendente da Appa, Eduardo Requião, exigiu a imediata paralisação do embarque e a retirada da soja dos porões do navio. A medida estendeu-se ao terminal que armazenava a soja de baixa qualidade. Suas operações permanecerão suspensas até que retire do armazém a soja avariada e o limpe.

Baseado nos problemas ocorridos, o superintendente decidiu mudar os procedimentos de logística existentes até o momento em relação aos armazéns de retaguarda do Porto de Paranaguá. A partir desta segunda-feira (12), os caminhões carregados com grãos só poderão descarregar nos terminais graneleiros do Porto de Paranaguá se utilizarem o Sistema Carga On Line (pela internet) e se forem provenientes do Pátio de Triagem de Caminhões.

Os veículos carregados, oriundos de outros terminais de retaguarda, deverão adotar o novo sistema para descarregar seus produtos nos armazéns com destino ao embarque. A nova medida faz parte da Ordem de Serviço nº 040/2006 assinada nesta segunda-feira pelo Superintendente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (APPA), Eduardo Requião.

O documento – também assinado pelo diretor presidente da Claspar, Valdir Izidoro Silveira – prevê ainda que as descargas de vagões nos silos públicos e privados deverão ser cadastradas e liberadas pela Empresa Paranaense de Classificação de Produtos (Claspar) no Carga On Line. ?Hoje a questão não é só técnica, mas também de denegrir a imagem do Porto. Vamos continuar atestando a qualidade das cargas para evitar problemas ao porto e para manter nosso trabalho em parceira?, disse Silveira.

A Ordem de Serviço é resultado da preocupação da superintendência da Appa em manter o padrão exigido pelo mercado externo, consumidor de soja de qualidade e pura. ?Não há como aceitar que a imagem do porto possa ser denegrida em função da má fé de pessoas sem compromisso com o sistema público ou com seus próprios negócios. Ao tentar burlar o padrão de qualidade, descaracterizam nosso trabalho de manter a credibilidade do porto, conquistada há 36 meses, depois de anos sendo questionada?, disse Eduardo Requião.

O próximo passo a ser adotado pela Appa será o credenciamento dos armazéns de retroárea. Em conjunto com a Receita Federal e a Claspar, a Administração Portuária fará inspeção nos locais que recebem grãos fora da área primária. ?Queremos que todos estejam adequados para a armazenagem e para garantir a conservação e a qualidade do produto. Esses terminais deverão respeitar a técnica adotada pela Claspar, a fiscalização da Receita e as operações da APPA?, frisou o dirigente portuário.

Qualidade reconhecida

Uma reunião no Ministério da Agricultura, Pesca e Abastecimento serviu para confirmar o que a comunidade portuária, os usuários e clientes do Porto de Paranaguá já sabiam: a qualidade dos produtos embarcados segue padrões internacionais e faz do terminal um dos mais seguros para transporte de cargas. A mensagem positiva para Paranaguá é resultado de uma convocação feita pelo Ministério Quarentenário da China à Embaixada Brasileira naquele país, depois que foi verificada nos porões dos navios com destino à China a presença de sementes ?tratadas? misturadas aos grãos de soja. A mistura não é aceita pelo mercado chinês e há dois anos já havia provocado a suspensão dos embarques ao país asiático.

O rigor na classificação dos produtos com destino ao mercado externo fez com que Paranaguá não fosse incluído na mesma lista dos portos de Santos e São Francisco do Sul, onde existe a prática.

Histórico

Em maio de 2004, a China havia suspendido a compra de soja brasileira em virtude de o Porto de Rio Grande (RS) ter enviado grãos misturados com sementes tratadas com fungicidas. Na época, Eduardo Requião já declarava que no Porto de Paranaguá este tipo de problema estava totalmente descartado. ?Tolerância zero para este tipo de ação ilícita. Aqui não há espaço para quem quer usar o Porto de Paranaguá como ponto de passagem de produtos que não os de qualidade e os de procedência garantida?, declarou.

A legislação obriga os fornecedores a colorirem as sementes, como um indicativo de que estas foram tratadas. Para não descartar as sementes que não foram utilizadas no cultivo, muitos produtores misturam as sementes tóxicas no caminhão ou no vagão carregados com grãos de soja destinados à exportação. ?O controle eficiente realizado no Porto de Paranaguá tem evitado que este tipo de carga seja enviada ao mercado externo e com isso mantemos a imagem de porto de qualidade atrelada ao porto com produtos de qualidade?, finalizou Eduardo Requião.

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