Pomar diz que declarações de Delúbio eram desconhecidas da legenda

O terceiro vice-presidente do PT, Valter Pomar, disse hoje que as revelações
feitas pelo ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, em entrevista ao Jornal
Nacional da TV Globo, eram desconhecidas até agora e nunca haviam sido tratadas
dentro do ambiente da legenda. Na entrevista, Delúbio admitiu a formação de um
esquema de caixa dois para financiar campanhas eleitorais da sigla em 2002 e
2004. "Primeiro vou querer ouvir de Delúbio Soares para os membros da Executiva
aquilo que ele antecipou em primeira mão para a imprensa e para a Procuradoria.
Para nós, esse depoimento dele nunca foi dado", afirmou Pomar.

Ele
ressaltou, no entanto, que, caso as afirmações de Delúbio sejam verdadeiras,
elas mostram um "modus operandi" com que a direção do PT tratou da organização
financeira. Segundo Pomar, essa seria uma estratégia caracterizada por
interesses pessoais que abalam todo o conjunto do PT. "Se for verdade, (o
depoimento) é revelador do modus operandi com que o grupo que hoje controla a
direção do PT tratou a questão das finanças, ou seja, como um assunto privado,
decisões privadas, benefícios privados e prejuízos públicos. Porque é o conjunto
do PT que está sendo responsabilizado e que está tendo que responder por este
tipo de situação." Pomar aproveitou para atribuir a responsabilidade pela atual
crise política ao grupo que esteve à frente do partido nos últimos anos. De
acordo com ele, o depoimento do ex-tesoureiro iguala o PT a outros partidos dos
quais tentou se diferenciar desde que foi criado. "Havia uma linha política na
direção nacional do PT, que teve como resultado prático igualar o partido a
outros partidos em vários terrenos. Nós já sabíamos da política de alianças e,
agora, estamos descobrindo que houve uma tentativa de igualar o partido em
outros terrenos também", observou.

Ele disse ainda que o próprio ambiente
criado dentro do PT abriu a oportunidade para que Delúbio tomasse decisões
independentes, sem consultar o conjunto da legenda. "Havia dentro do partido um
clima, um ambiente em que ele se julgou autorizado informalmente a tomar esta
decisão. Esse é o problema", afirmou, em referência ao envolvimento do
ex-tesoureiro nas denúncias de corrupção que atingem o governo.

Apesar
das críticas, Pomar insistiu que o PT reúne as condições necessárias para se
recuperar da atual crise. "O PT não é um partido corrupto. Partido corrupto é
aquele em que você tira os corruptos e o partido acaba. O PT é um partido que,
se você tirar as pessoas que cometeram erros em seu interior, ele melhora",
disse. "O PT vai sobreviver a esta crise e vai sair melhor do que entrou",
acrescentou.

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