Zé Maria quer fazer rombo na CUT e prega nova central

Duas vezes candidato à presidência da República, em 98 e 2002, o presidente nacional do PSTU, José Maria de Almeida, veio a Curitiba na sexta-feira, dia 29, defender o rompimento dos sindicatos de trabalhadores com a Central Única dos Trabalhadores (CUT). A entidade abandonou seus compromissos históricos e passou a ser apenas o braço do governo no movimento sindical, acusou Zé Maria, que foi um dos fundadores da CUT e do PT, partido do qual foi expulso em 92, junto com a tendência Convergência Socialista.

Ex-companheiro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas greves do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, Zé Maria considera Lula o "melhor amigo" das políticas defendidas por PFL e PSDB, e se empenha em conquistar adesões para a Central de Lutas dos Trabalhadores, que será criada formalmente em abril do próximo ano. Foi o que propôs aos filiados ao Sindijus, o sindicato que representa os servidores do Judiciário do Paraná, e que o convidou para expor sua posição à categoria no Congresso Estadual, realizado em Curitiba neste final de semana.

Zé Maria disse que, nos últimos meses, mais de uma centena de sindicatos romperam com a mais poderosa das centrais sindicais, e outra centena de entidades simplesmente não recolheram mais suas contribuições. "Em troca de cargos para seus dirigentes, a CUT se voltou contra os trabalhadores, apoiando uma reforma sindical que tem como princípio o controle do estado sobre os sindicatos", atacou o presidente do PSTU.

O apoio à reforma da previdência do governo Lula é um dos pecados mortais cometidos pela CUT, segundo Zé Maria. Uma reforma que o PSTU está denunciando à Procuradoria Geral da República, para que seja encaminhado ao Supremo Tribunal Federal um pedido de anulação das medidas aprovadas em 2004. "Foi uma reforma feita na base do pagamento de propina a deputados. Por isso, nós queremos exigir do Judiciário do país a sua anulação. A nossa principal prova será a cassação dos deputados denunciados no esquema do mensalão", disse Zé Maria.

Concorrência

Parceiros na marcha contra a corrupção e o governo Lula, realizada em outubro, em Brasília, o PSTU e o PSOL não devem ir muito longe juntos. Zé Maria define o partido criado pela senadora Heloísa Helena como uma sigla concebida para disputar eleições. "Essa é a nossa principal divergência. O PSOL surgiu com esse forte viés eleitoral. Nossas estratégias são distintas. Nós queremos construir com o fortalecimento das organizações sociais. No Brasil, ganha eleição quem tem milhões para gastar em campanha. Disputar votos não muda o país. Nossa estratégia não é essa", afirmou.

Para Zé Maria, o PSOL pode ter uma trajetória semelhante à do PT, que fez concessões para vencer eleições ."Quando começou, o PT tinha um discurso socialista. Mas depois começou a valorizar a eleição, que é um sistema controlado pelo poder econômico. O PT se corrompeu para ganhar espaço", atacou o presidente do PSTU.

Acusado junto com o PSOL de estar reproduzindo o discurso do PFL e do PSDB, o presidente do PSTU contra-ataca: "Se alguém está fazendo o jogo da direita é o Lula. Ele é o maior aliado deles porque vem aplicando o programa do FMI melhor do que FHC (o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso) conseguiu", declarou.

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