Viúva é pouco

A Assembléia Legislativa do Estado do Paraná votou, há poucos dias, um projeto de lei que visa estender aos filhos dos deputados o direito de recebimento de pensão que, atualmente, se paga às viúvas dos parlamentares.

O projeto de lei, de autoria do deputado Fernando Guimarães, vai ainda mais longe, beneficiando também os filhos de deputados solteiros.

Não se acredita, entretanto, que os parlamentares consigam aprovar essa discutível (para ser eufemístico) medida, antes da posse do novo governo e ninguém duvida que o futuro governador Roberto Requião, não apenas vetará o ato, como de “caneta cheia”, como dizem os políticos, recomendará à sua bancada para que o veto seja mantido.

Na realidade, o autor do projeto de lei não deve ter feito a conta do que isso representa para os cofres públicos.

O Estado começa pagando ao filho de um deputado, certamente jovem, e na legislatura seguinte já são eleitos novos deputados, também com filhos, e a despesa que acaba se perpetuando, só sofre uma alteração: será cada vez maior, chegando a números que não podem ao menos serem calculados.

E o perigo vai mais longe. Por que só aos filhos dos deputados?

Seria inevitável que o benefício começasse a se estender primeiro aos filhos dos desembargadores (por que não?), depois aos filhos de outras classes de servidores públicos até se estender a toda a classe.

Não tenho dúvida que, com o passar do tempo, meus filhos também seriam beneficiados. Mas, a questão é a seguinte: e o erário?

Verdade que o Paraná é um Estado que se pode considerar privilegiado em comparação principalmente aos estados do Norte e Nordeste. Mas isso não quer dizer que o nosso tesouro não tem fim.

Ademais o tesouro não é nosso. É dinheiro do povo que, como tal, deve ser respeitado. Principalmente pelos seus legítimos representantes.

P.S.

– “O povo paga, é uma axioma de todos os tempos, de todos os países, de todos os governos”. (Paul-Louis Courier, escritor francês falecido em 1825).

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