Mais sujeira

Vereadores que investigam Derosso têm ligação com a falcatrua

 

Vereadores incumbidos de investigar denúncias de irregularidades nos contratos de publicidade da Câmara de Curitiba mantinham relação com empresas ou funcionários que prestaram serviço de propaganda para a Casa. Francisco Garcez (PSDB), que presidiu o processo contra o ex-presidente João Cláudio Derosso (PSDB) no Conselho de Ética, era sócio do jornal Folha do Boqueirão, que recebeu pelo menos R$ 31,5 mil da Câmara. Já a Donato Artes Gráficas, pertencente a um funcionário de Emerson Prado (PSDB), presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do caso Derosso, recebeu no mínimo R$ 3 mil por serviços para o Legislativo.

Apesar de analisarem os mesmos documentos aos quais a RPC TV e a Gazeta do Povo tiveram acesso, os responsáveis pela CPI e pelo Conselho de Ética disseram não ter encontrado indício de irregularidades, por isso, não responsabilizaram ninguém. Só que a Lei de Licitações proíbe que funcionários da instituição pública que promove a licitação participem da execução do contrato, o que inclui as subcontratações.

A licitação aberta por Derosso para contratar agências teve a participação apenas das duas empresas vencedoras: a Visão Publicidade, antiga prestadora de serviço da Casa, e a Oficina da Notícia, de Cláudia Queiroz, mulher de Derosso. As duas subcontrataram várias empresas, entre elas a de Garcez e a do funcionário de Prado. A Folha do Boqueirão emitiu ao menos nove notas fiscais em 2010 e 2011. Em 12 de abril do ano passado, o jornal emitiu quatro notas sequenciais, de R$ 3,5 mil cada. Apesar de Garcez ter dito que se licenciou da sociedade em 2009, a alteração contratual só foi registrada na Junta Comercial em setembro de 2011, dois meses após o escândalo dos contratos de publicidade da Câmara vir à tona.

Já a Donato Artes Gráficas está em nome de Gilson Donato Coraiolla, que foi funcionário de Prado de novembro de 2009 a setembro de 2010 e de março de 2011 até fevereiro deste ano. Embora o vereador alegue desconhecer a atividade comercial de seu funcionário, é possível contratar serviços gráficos no gabinete do vereador. Nilzete Bitencourt Coraiolla, ex-mulher de Gilson, é funcionária de Prado desde 2009 e não se constrange em fechar negócios dentro do gabinete.

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