Mais falcatruas

Vereador Algaci Túlio acusa o ex-presidente da Câmara de Curitiba

Além de admitir que encontrou uma “estratégia” para receber recursos de propaganda da Câmara, Algaci Túlio (PMDB) afirmou que a todos os vereadores da bancada dos comunicadores foi oferecida a oportunidade de fazer anúncios e assim receber verbas da Câmara. Segundo o parlamentar, a oferta teria partido do ex-presidente João Cláudio Derosso (PSDB), que contesta a acusação e afirma que os vereadores é que o procuravam em busca de dinheiro de propaganda e os encaminhava às agências que atendem a Câmara, para que conversassem entre eles.

De acordo com Algaci, para poder receber uma fatia dos recursos disponíveis, o vereador confessa que precisou ir em busca de notas fiscais de empresas que pudessem ser apresentadas como comprovação dos serviços prestados. “A gente comprava nota. Muitos (comunicadores) que não têm empresa compram nota de uma empresa de publicidade”, contou.

Na conta da Câmara

O vereador, no entanto afirmou desconhecer que o ex-funcionário Nello Roy Morlotti tinha empresa. Mas Morlotti assegurou que foi ideia do próprio vereador criar e manter atualizado o blog e que fosse cobrado da Câmara. “Mas não era para fazer isso com notas da empresa dele”, retrucou Algaci. E sobre a destinação de verba de publicidade da Câmara para vereadores, Algaci reconhece que o caso precisa ser apurado. “Não se pode esconder isso. Eu lutei pela CPI, briguei pra levantar todos os dados aqui e sempre falei: doa a quem doer, vamos passar tudo isso a limpo”, disse.

Servidores são donos de empresa

Algaci Túlio cometeu pecado parecido: o servidor do seu gabinete, Nello Roy Morlotti também prestava serviços para a Câmara. Ele é dono da Holden Serviços Técnicos e foi funcionário do vereador de janeiro de 2009 a maio de 2010.

A Holden chegou a apresentar nota fiscal, em julho de 2009, sobre a publicação de reportagem no blog do próprio vereador Algaci Túlio. A Holden recebeu ao menos R$ 4 mil da Câmara, mas o total de pagamentos pode ser maior porque a reportagem teve acesso a documentos que representam apenas R$ 2 milhões dos R$ 34 milhões gastos pela Câmara entre 2006 e 2011.

O gabinete do vereador Roberto Hinça também abrigava funcionário que também era sócio de uma empresa de publicidade. Laércio Men, sócio da Men & Cia emitiu, no mínimo, três notas fiscais, de R$ 12 mil cada, pela divulgação de publicidade da Câmara. No momento dos pagamentos de setembro e outubro de 2009, Laércio Men figurava como integrante da Comissão de Cultura do Legislativo. Mas, em dezembro de 2010, quando cobrou mais um pagamento por serviços publicitários, era funcionário do vereador Roberto Hinça.