Tucanos aumentam as críticas a Lula

O prefeito de São Paulo, José Serra, defendeu ontem que a campanha presidencial do PSDB explore a crise política como forma de rebater o governo ético prometido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Para quem se propôs, como Lula fez, que ia fazer o governo mais honesto da história, sem dúvida nenhuma", disse Serra a jornalistas ao ser questionado sobre a defesa do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso de que o partido deve fazer uso na campanha eleitoral dos casos de corrupção no governo Lula.

O prefeito José Serra ponderou que uma campanha "tem de tudo, tem que ter a crítica, não-destrutiva, mas tem que ter. E tem que ter as propostas", como a do desenvolvimento, citou. "Mas é óbvio que você tem numa campanha que cobrar o cumprimento ou não das esperanças que foram despertadas em 2002." O governador Geraldo Alckmin, outro pré-candidato do PSDB à sucessão de Lula, atacou o presidente.

As denúncias de corrupção, ainda segundo Alckmin, serão fatalmente levadas para o debate sucessório. Em tom de ironia, rebateu uma antiga declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que a oposição faz urucubaca para que o governo não dê certo. "Urucubaca é o desgoverno que hoje existe na esfera federal", disse. Para Alckmin, a questão da ética é excludente e a eleição do PT serviu para desmistificar um partido que levantava a bandeira do moral e foi bombardeado por denúncias de corrupção. "A corrupção está mais do que provada. O governo Lula é frouxo eticamente", disse Alckmin.

Ainda assim, Alckmin disse que a crise não deve ser o foco da campanha. "Isto vai ser colocado em pauta, mas esta não é a essência do debate", afirmou o governador, mencionando o embate de propostas. Serra e Alckmin estiveram presentes na posse da nova diretoria do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, mas apenas o governador conversou com os jornalistas após a cerimônia.

O prefeito concedeu entrevista na visita que fez a um edifício interditado pela prefeitura por obras irregulares localizado no bairro de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo. Serra conversou com os moradores vizinhos ao prédio, fez promessas e justificou sua presença: "É um pequeno caso e um grande exemplo."

Na terça-feira, o ex-presidente Fernando Henrique chegou a dizer que o país não deve dar mais espaço para ladrões e que Lula terá que passar toda a campanha se explicando sobre a corrupção que "chegou lá em cima". Afirmando que Lula terá de "voltar a temas desagradáveis" ao longo da campanha, FHC conclamou o PSDB a explorar a crise política na disputa pela Presidência da República. FHC incitou o partido a "saber o que interessa na campanha" e "forçar essa agenda". "Tem que puxar para a briga", insistiu.

Por isso, recomendou, o PSDB deve votar pela cassação de todos os envolvidos no escândalo do mensalão – inclusive dos tucanos – para "repudiar" a idéia de que políticos sejam "farinha do mesmo saco" e reconquistar a confiança do povo. "Tem que acontecer. Não acho certo, não acho bom que seja só para uns, não. Para todos, inclusive para os nossos. Se não, você não tem moral", afirmou.

Ontem Lula defendeu-se no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) das acusações feitas pelo PSDB, de que teria feito campanha eleitoral antecipada. De acordo com os tucanos, o presidente está transformando cerimônias oficiais em comícios e é necessário que o TSE puna o presidente com multa. Mas para o advogado-geral da União, Álvaro Augusto Ribeiro Costa, Lula apenas cumpre o dever de prestar contas à população sobre o seu mandato.

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