Teixeira nega esquema para financiar PT

Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
O advogado Roberto Teixeira, depõe, na Comissão Parlamentar de Inquérito dos Bingos.

Compadre do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o advogado Roberto Teixeira afirmou ontem, na CPI dos Bingos, que nunca participou de um suposto esquema de arrecadação de dinheiro nas prefeituras petistas para financiar o caixa dois do partido.

Dono da casa onde Lula morou por mais de dez anos de graça, Teixeira foi acusado pelo ex-secretário de Finanças das prefeituras petistas de Campinas e São José dos Campos, Paulo de Tarso Venceslau, de manter ligação com a Consultoria para Empresas e Municípios (Cpem), usada no esquema. Diante da CPI, para se defender, o advogado apresentou uma certidão assinada pelo então presidente do PT, José Dirceu, em maio de 2000.

Em duas laudas, Dirceu rejeitou o relatório da comissão assinado por três figuras expressivas do partido – deputado Hélio Bicudo, economista Paul Singer e o deputado José Eduardo Cardozo – para defender pela "inexistência de qualquer infração ética por parte do filiado Roberto Teixeira".

O argumento da defesa não convenceu a oposição. O senador José Jorge (PFL-PE) lembrou que ao chamar Dirceu de "chefe de uma organização criminosa", o procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, reforçou a tese de que faltou a ele, já naquela ocasião, credibilidade para opinar sobre um típico caso de corrupção. "De certa maneira isso tira a credibilidade de tudo o que o senhor Roberto Teixeira disse aqui", argumentou o senador. "É difícil acreditar que não estejamos diante de um jogo de cartas marcadas."

Para o senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT), o depoimento do compadre do Lula terminou confirmando o que Paulo de Tarso havia dito em depoimento à CPI. "A certidão exibida aqui pelo doutor Roberto Teixeira tem a assinatura de José Dirceu, só que não dá para acreditar que tal fato possa invalidar o trabalho de Hélio Bicudo, Paul Singer e do deputado José Eduardo Cardoso", alegou.

Descontração

Bem disposto, Roberto Teixeira mostrou-se desinibido no seu depoimento. Ele disse ter orgulho de ser padrinho do filho caçula de Lula e o responsável por ter recorrido à Justiça para mudar o nome de seu compadre, incluindo o "Lula" depois de sua identificação de batismo. Sobre a casa que cedeu de graça a Lula, disse que fez isso para fugir da legislação da época, que prejudicava o locatário em favor de quem alugava. Mas ninguém perguntou se o risco seria o mesmo se tivesse recebido o pagamento de aluguel de Lula.

Advogado da Transbrasil, Varig e Brasil Telecom, Teixeira não soube se defender da acusação de ter se valido de tráfico de influência por ter sido contratado por estas empresa pouco antes ou depois de Lula ser eleito. "Não quero desqualificar o senhor como advogado, mas faço referência às incríveis coincidências que somente a amizade pode justificar", afirmou o senador Álvaro Dias (PSDB-PR). "São conexões que nos ajudam a determinadas ilações." Dias mostrou ainda o quanto foi bem-sucedido em processos movidos contra a prefeitura de São Bernardo do Campos, na época administrada pelo PT.

Na tentativa de elevar Teixeira à condição de consultor político – e não de envolvido em irregularidades – o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) lhe perguntou que recomendação ele faria ao PT. Antes de o advogado se manifestar, os senadores Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), se adiantaram nas sugestões: "Diga, não roubem, meus amigos do PT, não roubem, não assaltem os cofres públicos", propôs Tasso.

"Diria ainda, Lula saiba o que está acontecendo ao seu redor e fale para os seus ministros pararem de roubar", continuou. Na mesma linha, ACM atacou com a sugestão: "Fale, Lula, pare de dizer que não sabe de nada". O advogado disse que, como havia se desligado do partido em 1986, não se sentia em condições de propor nenhuma saída, a não ser a de defender que "toda medida que vier no sentido da transparência é bem vinda".

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