Servidores pressionam deputados na AL

O presidente da Assembleia Legislativa, Nelson Justus (DEM), disse ontem, que não irá alterar o cronograma de realização das sessões durante a campanha eleitoral deste ano, quando 50 dos 54 deputados irão disputar a reeleição ou uma vaga na Câmara dos Deputados.

Na abertura dos trabalhos legislativos de 2010, ontem à tarde, Justus disse que o mandato de deputado já corresponde a “quatro anos de campanha” e que os finais de semana são suficientes para os deputados irem em busca de votos.

Justus disse que o primeiro semestre será repleto de matérias importantes na pauta de votações. Uma das principais será o projeto de reajuste do salário mínimo regional que o governo enviará na próxima segunda-feira, dia 8.

Ontem, o governador Roberto Requião (PMDB) também anunciou que irá enviar aos deputados uma proposta de emenda à constituição (PEC) para eliminar as diferenças salariais existentes entre as diversas carreiras do funcionalismo.

“Temos hoje o setor jurídico [cargo de advogado], por exemplo: o salário chega a R$ 16 mil; mas o de um médico cirurgião neurologista não passa de R$ 5 mil. E nós temos ainda salários hipertrofiados [nos órgãos da administração] indireta, como Cohapar, Copel. Gostaria que todos os salários fossem muitos bons e a ideia é estabelecer um período de tempo durante o qual esses salários seriam equalizados”, disse o governador.

Mas as pressões salariais dos servidores sobre o governo já começaram. Ontem, representantes do Fórum das Entidades Sindicais dos Servidores Estaduais do Paraná distribuiu uma carta a todos os deputados estaduais, entregue também ao governador, reclamando a extensão dos índices de reajuste do piso regional aos salários de todos os servidores.

Na carta, a coordenação do Fórum alega que existem casos de servidores que não recebem o valor do salário regional. Segundo a proposta do governo, o salário mínimo regional será de R$ 765, na faixa salarial mais alta.

A bancada de oposição irá encampar o discurso dos servidores, apresentando emenda ao projeto do salário regional estendendo o reajuste para todas as categorias de servidores públicos. Na sessão solene de ontem, Requião destacou as medidas que adotou para compor uma política de recuperação salarial e de promoção na carreira do funcionalismo público.

Ainda na prestação de contas, disse que encontrou o Estado “destruído, desmontado e não apenas diminuído”. E embora considere sete anos insuficientes para corrigir todas as distorções que encontrou em 2003, no início do seu segundo mandato, afirmou que o cenário econômico do estado avançou.

O líder da oposição, Elio Rusch (DEM), rebateu o discurso de Requião. “Existem dois Paranás. Um virtual, sem problemas nas áreas de saúde, educação, segurança e infraestrutura, onde só o governador Requião vive, e o real, onde existem graves problemas nessas áreas que são percebidos pela população diariamente”, atacou.