Senado ouve as denúncias de Copetti

O coronel da Polícia Militar do Paraná, Valdir Copetti Neves, detido desde o início do mês sob a acusação de chefiar milícias armadas a serviço de proprietários de terras na região dos Campos Gerais, volta a ser ouvido hoje pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito – CPMI-da Terra, desta feita, em Brasília.

Seu primeiro depoimento, colhido durante reunião que a comissão realizou no plenarinho da Assembléia Legislativa há pouco mais de uma semana, gerou grande polêmica em função de denúncias contra os secretários estaduais de Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, e do Trabalho e Ação Social, Padre Roque Zimermann (PT). Ele também disse à CPMI que a Secretaria de Segurança utiliza o equipamento "Guardião", auxiliar importante nas investigações do narcotráfico, roubo de carga e de veículos e crimes do colarinho branco, para realizar escutas ilegais de ligações telefônicas de deputados e autoridades do poder Judiciário.

Esta última levou o líder do PFL na Assembléia Legislativa, deputado Plauto Guimarães, a apresentar requerimento propondo a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito especificamente para apurar a existência de eventuais grampos. Em fase de coleta de assinaturas, Plauto já obteve 12. Precisa de pelo menos mais seis para garantir a aprovação da CPI.

Segredo

Em Brasília Neves será inquirido sobre as denúncias que fez contra Delazari e Zimermann. Segundo o presidente da comissão, senador Álvaro Dias (PSDB), a reconvocação foi determinada pela recusa de Copetti em responder a vários questionamentos dos parlamentares, sempre alegando segredo de Justiça. Hoje ele espera que o tenente-coronel revele detalhes sobre a milícia armada que atua no Paraná, mantidas por proprietários de áreas rurais contra invasões do MST, e as denúncias graves que fez contra os dois secretários do governador Roberto Requião (PMDB).

O senador lembrou que, além de acusar Delazari de realizar escutas telefônicas clandestinas, Copetti citou um suposto envolvimento com tráfico de drogas. Quanto a Zimermann, foi acusado de cobrar "pedágio" para liberar recursos para os sem-terra. O presidente da CPMI explicou ainda que a comissão deverá propor o indiciamento de várias pessoas envolvidas em conflitos de terra e em desvio de recursos públicos: "Temos constatado que as verbas públicas estão sendo desviadas. Em vez de chegar aos assentamentos, o dinheiro atende a outros interesses", afirmou o tucano.

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