Rubrica misteriosa esquenta o clima na Assembléia do Paraná

Deputados das bancadas de oposição e de situação criticaram ontem o autor da Proposta de Emenda Constitucional que proíbe o nepotismo (contratação de parentes sem concurso público) no Estado, Tadeu Veneri (PT), cobrando dele a revelação do nome do autor da rubrica não identificada entre as dezoito assinaturas do projeto apresentado na semana passada.

Veneri desculpou-se com o deputado Edgar Bueno (PDT), apontado inicialmente como o autor da rubrica, e apresentou requerimento solicitando à mesa executiva que peça à Polícia Técnica Federal a realização de um exame grafotécnico para saber quem subscreveu o documento.

O pedetista reagiu afirmando que teve sua reputação atingida e requereu à mesa executiva que acione a Corregedoria da Casa para apurar as responsabilidades no caso. Bueno afirmou que não admite figurar como suspeito de ter assinado e depois retirado sua assinatura e responsabilizou Veneri pelo constrangimento causado pela divulgação do seu nome como autor da assinatura.

Vários deputados aproveitaram o discurso para se solidarizar com o pedetista e dizer que a responsabilidade de esclarecer o episódio cabe a Veneri. Nos bastidores, alguns estão acusando o petista de falsificar a assinatura para completar os dezoito apoios necessários à tramitação da proposta e planejam acusá-lo de falta de decoro parlamentar, abrindo um processo de cassação de mandato.

Outros acusam o petista de ter agido de forma irresponsável. ?Foi uma questão de vaidade pessoal. No afã de se promover, de aparecer sempre como o moralizador da Assembléia, ele apresentou sem conferir. Essas atitudes devem ser reprimidas?, disparou o líder da bancada do PSDB, Ademar Traiano.

O líder do governo, Luiz Claudio Romanelli (PMDB), e o líder da bancada de oposição, Valdir Rossoni (PSDB), também atacaram o petista. ?Não é uma questão de pedir desculpas ou não. Vossa Excelência tem que dizer quem subscreveu. Alguém assinou? Alguém falsificou??, questionou Rossoni. Já Romanelli acusou Veneri de desmoralizar Bueno. ?Ele tem que dizer que não foi o Edgar Bueno. Ele (Bueno) quase foi linchado por causa disso?, repetiu.

Veneri disse que não tinha problemas em admitir que houve um equívoco na identificação de Bueno pela mesa executiva. Mas que não seria o tumulto em torno da autoria da assinatura que ia fazê-lo desistir de debater o tema na Assembléia Legislativa. ?Há uma resistência muito grande em relação a esse tema. O que houve em relação à assinatura foi um erro involuntário da mesa, que identificou o nome como do deputado Edgar Bueno. Eu posso pedir desculpas pelo transtorno causado ao deputado, mas não vou admitir insinuações de falsificação e muito menos vou abrir mão de debater isso aqui?, disse o deputado.

O presidente da Assembléia Legislativa, Nelson Justus (DEM), recebeu o requerimento de Veneri e disse que adotará providências. Mas afirmou que a responsabilidade pela identificação das assinaturas cabe ao autor da proposta e não à mesa executiva. ?Não sei se é possível fazer um exame grafotécnico num rabisco. A responsabilidade é de quem coletou a assinatura. Mas o meu papel aqui é evitar que os ânimos se exaltem e eu vou ver como encaminhar esse caso?, afirmou. 

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