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Rossoni: “Nem gosto de falar. É coisa de bandido com polícia”

O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Valdir Rossoni (PSDB), não quis comentar nesta quarta-feira a situação dos grampos encontrados na Casa. Ontem, a empresa Embrasil Segurança, contratada para fazer uma varredura na Assembleia, informou que os equipamentos encontrados não correspondem aos adquiridos pela Casa por meio de licitação em abril de 2010. A licitação previa a compra de aparelhos detectores e bloqueadores com acionamento por controle remoto.

“Esta questão dos grampos eu nem gosto de falar. Isto é coisa de bandido com a polícia. Prefiro deixar para a empresa que fez o trabalho, para a polícia e pelos responsáveis”, resumiu Rossoni. A declaração aconteceu na manhã desta quarta-feira antes do encontro com empresários na Associação Comercial do Paraná (ACP).

O relatório da empresa informa que foram encontrados dispositivos eletrônicos, conectados a antenas e outros componentes, que poderiam ser utilizados para captação de áudio. Estes equipamentos tinham a possibilidade de receber ou transmitir sinais de rádio. Os dispositivos não tinham autorização da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

A empresa ainda encontrou um transmissor de rádio frequência ligado à uma linha telefônica, para captação e transmissão de conversas para outro receptor. A empresa detectou que vários fios foram cortados nos quadros de telefonia da Assembleia. O relatório conclui que os equipamentos encontrados são ilegais. Não foram encontrados os equipamentos comprados por meio de licitação no ano passado.

Sobre o trabalho de reestruturação da Casa, que pode contar com a assessoria da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Rossoni comentou que as atividades devem começar em abril. Na terça-feira (ontem), ele recebeu representantes da entidade, que apresentaram um esboço do que pode ser realizado. O contrato ainda não foi assinado.

“A proposta é mais no campo do assessoramento da reestruturação da Casa. Eles querem um espaço até que a Casa entre em normalidade para depois entrarem para trabalhar. Com o tumulto que está internamente, se hoje diretores e pessoas que estão lá trabalhando começarem a prestar informações para a reestruturação, não vamos ter o mínimo de funcionalidade da Casa”, declarou Rossoni.

De acordo com Rossoni, ainda ocorre uma adaptação na Assembleia, já que anteriormente eram 700 funcionários e hoje apenas 150 pessoas trabalham no local. “Nós vivemos em uma pressão constante porque estamos tendo que quase que reeducar a forma de ação e atuação interna da Casa. E quando mexe (com isto), é uma parada muito difícil”, revelou.

Solidariedade

A Associação Comercial do Paraná convidou Rossoni e Plauto Miró, vice-presidente da Casa, para um almoço com empresários. “A associação há 121 anos defende a ética e a moral. Ela defende boa parcela da sociedade organizada e vem em uma intenção de prestar solidariedade e apoio à esta nova gestão da Assembleia. Esta gestão vem com medidas promover a ética e resgatar no cidadão o orgulho de ser paranaense”, disse o presidente da ACP, Edson José Ramon.

Para Ramon, este é um grande começo, mas agora é necessário dar consistência às medidas já implantadas, por meio da continuidade ininterrupta.

A ACP, por meio do conselho político da entidade, entregou a Rossoni um manifesto sobre o salário mínimo regional. A entidade defende aumento, mas conforme as condições econômicas atuais.