Rossoni acusa Iatauro de pressionar

Ao explicar por que a bancada não se opôs ao fim da Comissão Parlamentar de Inquérito das ONGs (Organizações Não Governamentais) pelos governistas, o líder da oposição, deputado Valdir Rossoni (PSDB), acusou o secretário chefe da Casa Civil, Rafael Iatauro, de encorajar as investigações nos bastidores.  

Segundo Rossoni, a bancada de oposição não iria ser usada pelo chefe da Casa Civil que, segundo o tucano, queria atingir parte da direção da Secretaria do Trabalho, Emprego e Promoção Social. Rossoni afirmou que apenas alguns deputados de oposição haviam assinado o pedido de CPI das ONGs e que nenhum deles apoiou os outros cinco requerimentos de CPIs.

Rossoni denunciou ainda que Iatauro pressionou deputados aliados do governo para assinar a CPI proposta pelo deputado Fábio Camargo (PTB), genro do secretário da Casa Civil. ?Se o chefe da Casa Civil quer derrubar uma parte da Secretaria do Trabalho, a oposição não será massa de manobra?, disse.

Em viagem de férias na Europa, o secretário da Casa Civil reagiu às declarações do tucano, desafiando Rossoni a citar o nome dos deputados que teriam sido pressionados para defender a CPI. ?O Rossoni enlouqueceu. Lamento que alguém com a responsabilidade da liderança da oposição faça isso?, afirmou o secretário.

Iatauro comentou que não mistura as funções no governo com suas relações familiares. ?Não iria fazer nada contra a orientação do governo para ajudar um familiar. O Tribunal de Contas já está investigando as ONGs e fui sempre contra esta CPI?, disse o secretário da Casa Civil.

Mal-estar

O processo que desencadeou o fim das CPIs deixou um mal-estar entre os deputados. Nos bastidores, as declarações do deputado Fábio Camargo causaram constrangimentos em alguns e irritação em outros. Camargo acusou o líder do governo, Luiz Claudio Romanelli (PMDB), de temer as investigações da CPI e também acusou o presidente da Assembléia Legislativa, Nelson Justus (DEM), de ajudar a enterrar a comissão.

Romanelli não quis comentar e Justus disse apenas que sua história política já é a resposta a Camargo. Nem Justus nem Romanelli confirmaram a discussão que tiveram com o deputado petebista anteontem. Conforme alguns participantes da reunião de líderes que fechou o acordo para o fim das CPIs, Camargo fez acusações que poderiam lhe valer um processo por quebra de decoro parlamentar.

Camargo não participou da sessão de ontem à tarde. Ele prometeu recorrer à Justiça contra o cancelamento da CPI das ONGs. 

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