Requião volta a atacar setores da imprensa

Foto: Arquivo

Roberto Requião: desabafo com expressões agressivas.

Três reportagens na última semana irritaram o governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), que aproveitou a transmissão ao vivo de sua reunião com o secretariado, ontem, pela Rádio e Televisão Educativa, para criticar os órgãos de comunicação que ousaram colocar alguma dúvida sobre sua administração. ?Imprensa marrom? e ?canalha? foram alguns dos termos usados pelo governador. O jornal O Estado de S. Paulo foi um dos alvos, em razão de uma reportagem em que citava o Paraná como um dos oito estados que não cumpriram parte da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). O Paraná aparece com um déficit de pouco mais de R$ 1,88 bilhão.

?O famoso O Estado de S.Paulo, um jornal de comportamento extraordinariamente duvidoso, mas é claramente contra os interesses do País, interesses do povo, interesses nacionais?, disse o governador, citando por várias vezes o termo ?canalha? ao se referir ao jornal. Depois do desabafo, o ex-secretário de Planejamento, Nestor Bueno, foi chamado para dizer que o Estado (jornal) baseou-se em um relatório, cuja publicação é exigida pelo artigo 53 da LRF. ?É um relatório mais gerencial e faz parte de um maior encaminhado à Secretaria do Tesouro Nacional?, disse.

Ele admitiu que, nesse relatório, que retrata a posição do dia 31 de dezembro de 2005, aparecem R$ 2,7 bilhões no item ?restos a pagar?. ?Estão incluídos o valor dos precatórios inscritos nos anos anteriores como restos a pagar?, argumentou. Os precatórios têm valor nominal de R$ 2,6 bilhões. Segundo Bueno, o jornal comparou esse resultado com o relatório financeiro, exigido pelo artigo 54, que apresentaria suficiência de caixa de pouco mais de R$ 600 milhões, mas restos a pagar de cerca de R$ 800 milhões o que representaria déficit de R$ 168 milhões.

?Ele pegou os cerca de R$ 800 milhões de restos a pagar, diminuiu dos R$ 2,7 bilhões e lançou na notícia que o Estado estava inadimplente em cerca de R$ 1,88 bilhão?, disse. Bueno defendeu que deveriam ser retirados os valores correspondentes aos precatórios. ?Nós estaríamos inadimplentes tão-somente por R$ 100 milhões, menos do que o valor que estamos acusando como efetivamente devido em 2005?, salientou. Requião afirmou que essa explicação foi fornecida posteriormente ao jornal, mas não publicada.

?Não adiantou nada. A idéia era atingir o Estado do Paraná e foi reproduzida no País inteiro: O Paraná é inadimplente. Inadimplente com a decência e a moralidade está o jornal O Estado de S.Paulo?, afirmou. Depois referiu-se à retransmissora da Rede Bandeirantes em Curitiba, em razão de uma reportagem mostrando a fila de caminhões que se formou na entrada do Porto de Paranaguá durante o carnaval.

?A Bandeirantes manda para o Joelmir Beting que o porto estava congestionado porque não aceitava transgênico e estava prejudicando o escoamento da safra do Paraná?, disse. ?É a canalhice da informação que foi para o Brasil inteiro.? Requião citou nominalmente o empresário Joel Malucelli como responsável pelo noticiário da Bandeirantes.

No fim sobrou para a Rede Globo, também qualificada de ?canalha? devido à reportagem sobre a ferrovia Ferroeste. ?O Jornal da Globo diz que o Estado estatizou a Ferroeste e, portanto, a safra não tinha por onde escoar?, reclamou. Segundo ele, a Ferropar, que tinha a concessão sobre a Ferroeste, teve a falência decretada pela Justiça e queria retirar os vagões que alugava de duas empresas que eram propriedade dos concessionários.

Por ação administrativa, ele determinou o seqüestro dos equipamentos, mas ficaram parados porque não havia pessoal nas oficinas para consertá-los. ?Isso demorou dez dias?, acentuou. ?Depois essas máquinas continuaram a operar.?

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