Requião quer devolver rodovias

O governador Roberto Requião declarou ontem, ao inaugurar estradas no Norte Pioneiro, que considera "a hipótese de devolver as rodovias pedagiadas à União, uma vez que há falta de apoio do governo federal para que o Paraná possa resolver o impasse do pedágio". Segundo o governador, as estradas pedagiadas no Paraná são federais e a implantação das concessões no Paraná só foi possível graças a um acordo entre o governo Fernando Henrique e o governo Jaime Lerner. "Estamos estudando devolver essas estradas ao governo federal. O governo do Paraná briga todos os dias para baixar essas tarifas, mas briga sozinho, não há apoio de um senador e um deputado federal sequer", desabafou. A afirmação foi feita durante a entrega do trecho da PR-092 que foi inteiramente recuperado nos 45 km entre Wenceslau Brás, Siqueira Campos e Quatiguá, no Norte Pioneiro. "Com os investimentos da malha rodoviária estadual estamos demonstrando que o governo do Estado pode sim manter e recuperar as estradas estaduais sem a necessidade de implantar esse pedágio que é um roubo", disse.

Longa briga

Se há algo sincero na declaração do governador Roberto Requião sobre o Palácio Iguaçu e o pedágio no estado, é que o assunto, desde que ele assumiu, se transformou em uma verdadeira "briga", uma queda de braço interminável, com embates jurídicos, políticos e retóricos, e sem nenhuma mudança no status que herdou de seu antecessor, Jaime Lerner.

No entanto, a promessa eleitoral de acabar com os pedágios esbarra até nos planos do governo federal. O governo resolveu acelerar seu programa de concessão de estradas federais para exploração pela iniciativa privada. E no mês passado, divulgou o modelo para a privatização da BR-163, mais conhecida como Cuiabá-Santarém. Os 1.569,6 quilômetros serão entregues a um concessionário privado, que terá de asfaltar pouco mais de 1.000 quilômetros, mas poderá cobrar pedágio em 13 pontos.

No mesmo dia, as regras foram analisadas e aprovadas pelo Conselho Nacional de Desestatização (CND), que deu sinal verde também para a concessão de outros oito trechos de rodovias federais. Entre estes novos trechos, em que seria cobrado pedágio, estão partes da BR-101, além do trecho da Régis Bittencourt entre São Paulo e Curitiba e da Fernão Dias, entre a capital paulista e Belo Horizonte. Esse processo está mais adiantado do que o da Cuiabá-Santarém e as empresas que explorarão essas rodovias serão definidas até outubro, segundo a expectativa do governo.

O que não significa que o assunto foi definitivamente absorvido pelos paranaenses. A criação de um Fórum Popular Contra o Pedágio é exemplo disso. O litoral, por exemplo, acha que a cobrança de pedágio serve de desestímulo ao turismo e se organiza para combatê-lo. 

Voltar ao topo