Requião elogia Lula e volta a criticar FHC

O senador Roberto Requião, candidato do PMDB ao governo, apóia pela quarta vez a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva. Requião analisou o governo FHC, demonstra a fragilidade do governo atual e compara o Brasil de hoje aos EUA de 1929 – quando aconteceu a maior quebra da história da bolsa de Nova York. Afirma que o povo brasileiro precisa resgatar sua auto-estima e vê em Lula a capacidade de redescobrir a esperança no Brasil.

P

– Como o senador analisa a era FHC?

R

– A era do Fernando Henrique foi um equívoco que começou no governo Collor, mesmo período em que a teoria dependentista predominou no Brasil. O dependentismo foi desenvolvido para a América Latina em 1967 pelo Fernando Henrique e pelo Enzo Faletto, um italiano naturalizado argentino. Ambos trabalhavam na CEPAL – Comissão Econômica para a América Latina e Caribe, órgão das Nações Unidas.

Nós precisamos de mudança e essa mudança tem que levar em consideração, a necessidade do desenvolvimento interno, a geração de emprego e o apoio às empresas nacionais fora desse modelo amalucado da tecnologia de ponta, da robotização e da automação, que não gera emprego. Isso, não significa nenhum abandono da corrida pelo domínio da tecnologia, o que dá a um país condições de competição e força no mundo.

Porém, o fundamental para o Brasil é gerar empregos, postos de trabalho para o povo. E isso só é possível com uma retomada muito séria do desenvolvimento interno. Algum tempo atrás o PMDB oposicionista era visto na sua posição e no governador Itamar Franco.

P

– O PMDB mudou nesse recente processo eleitoral?

R

– Acredito que não. Eu acho que os partidos políticos brasileiros estão desideologizados e despolitizados. O Itamar é um nacionalista, ele não avança numa visão social mais aprofundada, mas é um nacionalista. Um brasileiro respeitável e sério.

O PMDB do Brasil se transformou num partido oportunista, dominado pelo Jader Barbalho e por figuras absolutamente sem ideologia. Foi facilmente cooptado pelo Fernando Henrique que transformou o Congresso Nacional num mercado persa. Ou seja, como seu objetivo principal era a abertura do país, nada mais importava, nem a administração pública, nem o funcionalismo. Para viabilizar uma mudança constitucional a compra de deputados se transformou numa constante. O PMDB entrou nessa água.

P

– Que governo o Brasil precisa hoje?

R

– O governo Lula é essa esperança. Aliás, é a quarta vez que eu o apóio à Presidência da República. Um governo Lula representa o rompimento com as elites mais apodrecidas do Brasil. Não tenho nenhuma visão mágica do que possa ser feito, mas vejo nele a capacidade de redescobrir a esperança e a possibilidade de restabelecimento da auto-estima. Não espero mais do que possa fazer, mas acho que é o único caminho nesse momento.

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